Os governos dos fraternos, Robério Oliveira, Cláudia Oliveira e Agnelo Santos em Eunápolis, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, respectivamente, é possivelmente a melhor reprodução política, social, jurídica e cultural do império romano, na história atual da Costa do Descobrimento.
Tanto lá como aqui, a facilidade de se estabelecerem e ampliarem os poderes se deu em função da pilhagem de administrações anteriores, com fracassos sucessivos nas tentativas de desenvolvimento; impunidade dos agentes corruptos; a crise moral dos políticos e um profundo ceticismo com a possibilidade de recuperação econômica e social do município em curto e médio prazo.
Nesse quadro de caos social e insegurança, tendo o medo como o principal fantasma, representado pelo empreguismo desenfreado e benesses extravagantes aos apaniguados, alimentado diariamente por propaganda enganosa de obras de má qualidade e ações superficiais; os governos “fraternos” pareciam ser o único caminho para redimir os “elos desregrados” entre governo e população; e forte sentimento de culpabilidade dos males do município a poucos ou um único grupo de pessoas.
A desilusão não tardou a chegar. Também, como na Roma antiga, o império, aqui, começa a ruir e arrastam nos destroços, políticos e correligionários cúmplices desta tragédia administrativa que se instalou na Costa do Descobrimento. O volume da corrupção expôs as entranhas sinistras e vergonhosas das administrações “fraternas”. As investigações da Polícia Federal e Ministério Público Federal, no âmbito das operações fraterno e gênesis, foram o tiro de misericórdia nas pretensões “fraternas.”
A cidade de Porto Seguro hoje é uma carcaça encoberta pela bela arquitetura natural. Saúde negligenciada, ruas atoladas e esburacadas pelo efeito das chuvas, educação ao nível de dez anos atrás, enfim um caminho perigoso seguido por uma sociedade, de forma passiva, por uma mídia comprometida; com fraco senso crítico-social, marcada pelo medo e acreditando que tudo o que lhe torna problemática tem raiz naquele que é diferente e na liberdade individual alheia, cabendo à salvadora mão forte do imperador, do Grande Político Centralizador, do Culto ao Líder, o poder de segregar, proibir ou matar os “desregrados” para, então, segundo esses indivíduos, salvarem a Costa do Descobrimento. Um eterno e infame ovo da serpente.
As especulações sobre a sucessão local ensaiadas em blogs e sites da região, até agora, não acrescentaram nada. O mesmo do mesmo. Palpites insossos e gordurosos de causar indigestão até mesmo ao mais magro desinformado.
As opções profícuas e as propostas e programa de governo que restabelecem a soberania e a dignidade da população, tão aguardada pelo eleitor, ainda estão por vir.