Vadinho pescador, 94 anos, João Pires, 70 anos e Dito de Virinha, 80 anos, foram vergonhosamente ludibriados pela Prefeitura Municipal de Porto Seguro, em acordo celebrado em 1996, no primeiro mandato do ex-prefeito Ubaldino Junior.
O acordo previa a suspensão da pesca por esses pescadores na área do “Recife de fora”, hoje o parque marinho, e em contrapartida os pescadores receberiam 03 (três) salários mínimos anuais como compensação à renúncia da pesca no local.
Na época, o secretário do meio-ambiente do município e padrinho do acordo era o Sr. Bené Gouveia, atual titular da pasta, portanto, antigo conhecedor da causa e com todas as credenciais para honrar o que foi acordado com os pescadores.
Acontece que os pescadores vêm penando para receberem o que foi combinado.
Segundo o Sr. João Pires, filho do também pescador conhecido como “João fogueteiro”, os pagamentos foram efetuados na íntegra pelos ex-prefeitos Ubaldino e Jânio Natal, ora em espécie, outras vezes em depósitos em conta corrente, e que a partir da gestão de Gilberto Abade, começaram a enfrentar as inadimplências.
O prefeito Abade ficou sem pagar o período de um ano e a prefeita afastada, Claudia Oliveira, suspendeu o pagamento alegando falta de recursos.
No total são 07 (sete) anos sem receberem; o que tem trazido enormes transtornos financeiros e constrangimentos para os mesmos.
Não bastasse a idade avançada dos envolvidos, todos têm passado por necessidades de tratamentos médicos que exigem disponibilidade de recursos.
O Sr. Vadinho foi vítima recentemente de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), e o Dito de Virinha realizou há poucos dias, uma cirurgia de catarata e está prestes a passar por uma cirurgia de próstata, na dependência de auxílio financeiro de familiares.
A reportagem do Jojô Notícias foi verificar in-loco a situação dos humildes pescadores, e ao ouvi-los, constatou a seriedade desses bravos homens que confiaram nas autoridades municipais ao renunciarem seus ganhos em troca de uma indenização modesta, mas que julgaram que seria cumprida.
O objeto do acordo era a criação do parque marinho com a sua consequente preservação. Acontece que a área hoje se encontra inteiramente degradada, os ouriços das praias praticamente não existem mais, as visitas exploradas comercialmente pela prefeitura e escunas particulares não se preocupam com o uso de bronzeadores e protetores solares (fortes poluidores das águas), por parte dos turistas, e os pescadores, que ali pescaram por longos anos e nunca afetaram o cenário e o ambiente natural, foram ludibriados com essa farsa ardilosa para beneficiar só Deus sabe quem.
Alegar ausência de contrato para realizar os pagamentos, seria mais um engodo. Os depoimentos dos pescadores e a palavra dos mesmos têm a força da verdade, pois se trata de pessoas nativas e respeitadas por todos que os conhecem.
Não é admissível que a prefeitura tenha recurso para bancar obras com valores suspeitos como a reforma do “Píer” e da revitalização da tarifa, e alegar insuficiência de recursos para pagar trabalhadores.
Faz-se urgente o executivo municipal e o secretário do meio-ambiente Sr. Bené Gouveia, – amplo conhecedor do assunto-, vir a público esclarecer esta situação.
Para finalizar e em homenagem ao Sr. “Vadinho pescador”, reproduzo aqui poesia de sua autoria:
“Eu desde o tempo de novo venho apreciando a natureza. Sigo respeitando e ando sempre com a estrela acesa, nós somos ela e ninguém vive sem. Passaram-se os tempos e eu sempre a reparar, gostando sempre de ajudar. Com 73 anos me dediquei a criar poesia, nenhuma sai da cabeça, é um grande merecimento de Deus e da natureza. esta é a verdade, e é com certeza”.