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Por onde voa Sabiá, tem amor em tudo que se faz

Ator, diretor, escritor, poeta, cantor e um tanto de outras coisas, Gabriel Sabiá é um filho da terra, que voa, canta e encanta...   

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Ator, diretor, dramaturgo, escritor, poeta, professor, vocalista, compositor, terapeuta holístico, professor de pilates e até celebrante de casamento, Gabriel Sabiá é um passarinho, filho da terra, que voa por aí, encantando o mundo por onde passa. Ora, o galho que descansa tem a arte, o teatro e a música como o pilar. Ora, pousa em outros ramos, curiosidade que o permite viver experiências mais profundas enquanto ser. A árvore da espiritualidade é o seu habitat e o amor vem em todas as áreas.

Nascido em Eunápolis, Gabriel Pereira Pinheiro de Azevedo, de 31 anos, chegou a viver curto período da infância em Aracaju (SE), mas, dos sete aos dezoito anos foi Porto Seguro o seu ninho.

Já o apelido surge quando vai estudar Artes Cênicas no Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro. “Sempre fui um passarinho, mas foi no curso que descobri o canto. Foi um momento muito especial. Trabalhei muito, fiz muito teatro”, lembra.

Depois que se formou, Sabiá ainda ficou na cidade maravilhosa por mais três anos. No entanto, chegou o momento de voltar. “O artista está sempre em crise. Essas coisas de capital, cidade grande, violência, violência sonora… Questão de sensibilidade. Era hora de voltar para casa e firmar minhas bases aqui”, explica.

E quando voltou, trouxe consigo a vontade de fazer e acontecer. Logo se uniu a seu tio e sua mãe num projeto de tijolos ecológicos, do qual tentava unir a arte e a questão ambiental em construções sustentáveis. “Queria colocar essa consciência à tona, que o meio ambiente e essa minha intuição tanto clama. Todavia, senti que ainda não havia essa abertura na região. É um trabalho que precisa de base e muita informação”, destaca.

Professor e diretor de teatro

Depois, Gabriel Sabiá partiu para um voo mais ousado, quando recebeu o convite para ser professor de teatro no Instituto Sérgio Habib Corporation – ISHC (Atualmente, Instituto Trancoso), ministrando oficina para 900 crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos. “Quase surtei!”, diz em meio a gargalhadas Sabiá.

Pelo que conta o artista, na época havia aulas de dança, artes plásticas, música, teatro, costura, enfim, um leque variado de atividades. “Transformou minha vida. Coloquei na prática todas as teorias que estudei na faculdade. Foi um grande aprendizado. Nós tínhamos alunos dos mais carentes do ponto de vista emocional e social, até milionários. Realidades discrepantes e o teatro movimentando tudo isso. E o grande triunfo da arte é o olho no olho, de observar de verdade para o outro e para si mesmo”, entusiasma o ator.

Durante esse período, Sabiá escreveu cinco peças teatrais, das quais três foram apresentadas em palco na própria instituição. Além disso, ele buscava unir os professores de outras áreas para realizar um trabalho em conjunto de todas as artes.

A espiritualidade

Com a reformulação da entidade e o fim de várias dessas oficinas, inclusive a do teatro, Sabiá foi viver experiências mais profundas, na descoberta e a clareza de seu ser. “Eu fui para o mundo! Fiquei um ano fazendo vivências em comunidades alternativas. Fui para Alto Paraíso (GO), para o Sul de Minas, Rio de Janeiro, participei de festivais de culturas alternativas. Fui ver esse movimento que quer falar da arte, da física quântica, da metafísica e de extraterrestres. Fiz retiro de silêncio, busquei a cura através da música, enfim, tudo que se possa imaginar. Muita coisa boa, mas muita gente utilizando da fragilidade, da carência, da inocência, da falta de conhecimento, da tristeza, da depressão, do desespero das pessoas, para manipular e atingir os seus próprios benefícios, se fazendo de bom samaritano. Muita porcaria humana, assim como muita coisa boa. A conexão com a natureza foi impressionante”, revela.

O escritor, o poeta e o ator

Nos anos de 2008, 2009 e 2010, a escrita se tornou muito natural para Sabiá, mas ainda faltava encorajamento e determinação em seguir sua intuição. Dois anos depois, ele organizou todo seu material e em 2013, quando começou a trabalhar com terapias alternativas, com a massagem ayurveda, reiki, shiatsu, alinhamento energético e de chakras, Sabiá sentiu a necessidade de compartilhar. “Foi quando despertei, vendo o que olhos não podem tocar”, filosofa.

No ano seguinte, passou por uma apendicite e por mais difícil que ela tenha sido, principalmente, na recuperação pós-cirúrgica, ela proporcionou tempo para organizar e escrever o livro “Na esquina do Tempo”, publicado pela editora Theano, que reúne diversas poesias em 200 páginas. O livro foi lançado por toda região de Porto Seguro, anos seguintes, em 2016 e 2017.

Em 2014, Gabriel Sabiá se junta ao seu grande parceiro do teatro, Edvaldo Ariano, realizando a oficina/peça: “Consciência em Preto e Branco; o que te escraviza e o que te liberta?”, realizada no Centro de Cultura, com 25 atores em cena. ”Tinha uma pegada bastante moderna e contemporânea, mesmo falando de escravidão, e foi no dia de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro, com uma intensidade absurda. Fizemos a dramaturgia juntos e a direção também”, comemora.

A musicalidade e o Ommaré

“Meu gosto pelo teatro começou cedo, e pela música também, uma vez que aos 15 anos já possuía minha própria banda de Rock, ‘The Rest in Peace’ (descanse em paz)”, conta rindo Sabiá.

Muito anos depois, mesmo vivenciando a poesia, Gabriel não acreditava que dela poderia se fazer música. No entanto, ele foi mostrando para os amigos e recebendo incentivo. Foi quando se deu conta que já havia uma linguagem musical no que escrevia. “Quando vem a música, eu digo que é um aplicativo, ela baixa. Eu ouço as melodias, os sons, a letra, o conteúdo, a vibração, mas não sabia transferir isso para o violão, não sabia passar para a matemática sonora”, recorda.

Sabiá, então, procura Isaac Moreira, músico da qual tem muito respeito, e lhe faz o pedido, para transferir suas criações para o violão. “Eu crio com batida, a percussão. Eu sinto, eu ouço, e nessa troca, em parceria com ele no violão, eu percebi que já tínhamos mais de 15 músicas”, esclarece.

De repente, surgiu Antônio Rizzo na gaita, David Santiago, na percussão, levando consigo o carrom. Marcelo Bonttini também aparece com seu pandeiro e suas influências do maculelê, do carimbó, do jazz, do blues e das músicas caribenhas.

Eles se uniram e a coisa foi tomando corpo. “Isaac acrescentou algumas músicas no repertório e minhas amigas Lúcia Rizzo e sua filha Camila Rizzo, artistas plásticas, começaram a compor imagens orgânicas durante as músicas. Para completar, chegou Tadeu Cardoso do audiovisual e a mistura de todos esses artistas culminou num show que fizemos na Casa Tapuia, da Família Rizzo”, diz.

Depois de muita discussão quanto ao nome do grupo, Ommaré é sugerido por Lúcia Rizzo, que havia sonhado com essa união do verbo primordial sânscrito “Om” e maré pelo movimento da água, da qual levava o nome uma das faixas produzidas (Na Maré do Amor).

A partir daí, o Ommaré se apresenta no Sarau Cultural do Livreiro, em edição especial realizada na Rua do Mangue, e depois no Secreto, em Arraial d’Ajuda. Pelo canal do Ommaré no youtube, você pode conferir o show gravado e as 22 músicas compostas por Gabriel Sabiá e Isaac Moreira.

Celebrante de casamento

“Foi um projeto que nunca imaginei na minha vida, está à frente de uma cerimônia de casamento, como diria, entrei de gaiato no navio”, revela sorrindo Sabiá.

O convite partiu de uma amiga antiga, Dolores, da época que trabalhava no Instituto Trancoso. Depois que o projeto cultural que faziam acabou, ela começou a trabalhar com receptivo em Trancoso. Ela se juntou com Rebeca, que realizava oficina de Costura e design também no antigo instituto, e, juntas, montaram uma empresa de casamento. “Em 2014, surge um casamento, que a noiva era espírita e o noivo era católico. Eles queriam um cerimonialista ecumênico, Dolores e Rebeca chegaram e me disseram: Sabiá é com você! Elas perceberam em mim, essa inquietação na busca espiritual e esse olhar amoroso e poético, e nesse ano realizei minha primeira cerimônia”, relembra.

Para Sabiá é um trabalho que lhe surpreendeu. “Eu tinha muito preconceito com esses casamentos, pelo glamour, pela vaidade, por essa pompa toda, de ser muito ligado à imagem. Mas isto foi desconstruído por inteiro, porque na vivência, descobri o amor em outros ângulos”, registra.

E de convite em convite, Sabiá foi celebrando casamentos em diversos lugares, como em Trancoso, Arraial d’Ajuda, Ilhéus, São Paulo, Rio de Janeiro e até Curitiba.

E essas são apenas algumas das facetas de Gabriel Sabiá que, por onde voa, espalha amor em tudo que faz. E por fim, peço licença para roubar o trecho de seu poema “Parte”, e assim tentar te definir, enquanto ser: “parte do luar, do campo no lírio, da água no mar, do beijo na boca, do sonho no gesto, da música no ar, do céu no passarinho…”. Este passarinho é Sabiá!

 

 

  1. André Simião Diz

    Massa! Gabriel é show!

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