Privatização da EMBASA: audiência em Trancoso cobra transparência e plebiscito sobre a concessão

A audiência pública realizada hoje, 21/01, no distrito de Trancoso, com a finalidade de discutir o Edital de Concessão dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Porto Seguro, já conhecido pela população como “privatização da EMBASA”, evidenciou, mais uma vez, que a população não aceita o processo da forma como vem sendo conduzido.

A audiência fez parte das quatro programadas, sendo que esta foi a segunda que aconteceu ( uma na sede de Porto Seguro e esta agora em Trancoso), restando duas para acontecer, em Arraial e distrito de Vera Cruz, nos dias 23 e 25/01 respectivamente.

O clima pesado e a indignação da comunidade com a insistência da administração, em empurrar goela abaixo, um processo sem discussão, pré-definido, foi o que mais chamou a atenção no evento.

Na realidade, a população tem se manifestado contra o processo de privatização, mais devido ao perfil arrogante e autoritário da administração Cláudia Oliveira que, mesmo sendo investigada e indiciada em operações desencadeadas pelo MPF e PF, maculando sua legitimidade em levar adiante processo vultoso, permanece com a prática autoritária de não ouvir a população em decisões de enorme interesse da mesma.

Aqui em Porto Seguro, as pessoas presentes foram unânimes em condenar o processo. Em Trancoso, não foi diferente.

O JoJô Notícias, em matéria postada aqui, também questionou o caráter dessas audiências. Na audiência de hoje, 21/01, Danilo Assunção, Conselheiro do Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado da Bahia, foi enfático ao afirmar que a condução do processo está inteiramente equivocada, tentando induzir as pessoas dos benefícios de um serviço que, certamente, imporá grandes sacrifícios à sociedade portossegurense, com o abandono dos serviços nas periferias e distritos do município, assim como o inevitável aumento das tarifas praticadas pela Embasa para o consumidor. O conselheiro deixou clara a má-fé do município quando denunciou que, desde que o contrato da EMBASA foi encerrado, em 2015, a administração municipal nunca sentou com a empresa para elaborar um convênio de cooperação técnica, no sentido de definir prioridades de serviços em áreas do município e valor de investimentos, lembrando que, recentemente, na cidade de Brumado, a empresa se comprometeu a investir cerca de 80 milhões no município, em atendimento à protocolo firmado entre a empresa e o município.

“A EMBASA é a 4ª maior empresa de saneamento do país, tem capacidade de endividamento e capital para levantar os recursos necessários para investir em Porto Seguro. Nenhuma outra empresa privada pode honrar os compromissos que a EMBASA se propõe a assumir”, declarou Danilo Assunção.

Portanto, está claro para a população que, o que está faltando é diálogo entre os envolvidos. Os tempos atuais, e o desgaste da agonizante administração “fraterna” não recomendam a imposição de um processo, de tamanho interesse e que envolve valores astronômicos, de cima para baixo.

Que a EMBASA tem seus problemas, todos sabem; é preciso fazer ajustes, resolvê-los. Acreditar, e querer que a população acredite que, com a privatização dos serviços tudo se resolverá; é conversa para “boi dormir”. A sociedade dá sinais de estar mobilizada e aproveita a oportunidade para deixar claro para a gestora: queremos sim, a universalização do serviço de abastecimento e saneamento público com qualidade.

Os vereadores não podem abandonar a população nessa discussão. Precisam se fazer presentes e se posicionarem a favor da população.