O julgamento do incêndio da boate Kiss que na madrugada de 27 de janeiro de 2013, após um incêndio, deixou 242 mortos e 636 feridos, na cidade de Santa Maria-RS, deve ouvir mais três testemunhas nesta sexta-feira (3/12), no Foro Central de Porto Alegre.
Depois do engenheiro Miguel Ângelo Teixeira Pedroso, que falou na quinta que teria desaconselhado o uso de da espuma isolante na casa noturna, serão ouvidos Daniel Rodrigues da Silva (gerente da loja onde foram comprados os artefatos pirotécnicos) e Gianderson Machado da Silva (funcionário de uma empresa de extintores), a pedido do Ministério Público, e Pedrinho Antônio Bortoluzzi, solicitado pela advogada de Marcelo de Jesus, Tatiana Borsa. Marcelo trabalha, atualmente, para Bortoluzzi.
As testemunhas de acusação pediram preferência e devem ser inquiridas pela manhã. Depois, à tarde, a testemunha de defesa deve ser questionada. Por fim, ainda participará o sobrevivente Érico Paulus Garcia, que deve ser entrevistado no período da noite, era barman na boate.
Kátia Giane Pacheco Siqueira, uma das sobreviventes, trabalhava na cozinha e no bar do estabelecimento. A sobrevivente relatou o que ocorreu no dia do incêndio, apontando detalhes exibidos em uma reprodução 3D da boate.
Emocionada ao falar, a sobrevivente disse que desmaiou e que acordou após 21 dias, internada em um hospital de Porto Alegre. Kátia Giane teve 40% do seu corpo queimado
“Eles falaram que iam tentar me desintubar de novo e que, se caso eu não resistisse, iam me deixar morrer”, contou.
A ex-funcionária da boate Kiss ainda disse que não se recorda da existência de extintores de incêndio no local. “Se eu não me engano, não tinha extintor”, respondeu aos representantes do Ministério Público.
Emanuel Pastl, 27 anos, um dos primeiro a falar. Ele e o irmão Guilherme comemoravam o aniversário na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013
“O sentimento eu não sei, fato é que, quando deu o princípio de incêndio, não soou nenhum alarme, não estava clara a rota de saída de emergência e também não teve iluminação. Eu não tinha visualização nenhuma. Não lembro de ter visto extintor”.
O jovem viajou à Santa Maria para comemorar junto com o irmão gêmeo, Guilherme, que cursava Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A ideia era que não passassem o aniversário de 19 anos separados. A festa na Kiss, no sábado dia 26 de janeiro daquele ano, foi escolhida para a celebração.
Os sobreviventes Emanuel Pastl e Jéssica Montardo Rosado depuseram pela manhã na quinta-feira.
Emanuel, que é filho de bombeiro e especialista em prevenção de incêndios, citou elementos técnicos que, segundo ele, falharam na noite da tragédia.
Já Jéssica contou sobre a perda do irmão, que, conforme testemunhas, teria morrido após inalar fumaça tóxica ao tentar salvar outras pessoas.
O DJ Lucas Cauduro Peranzoni chorou muito ao ver vídeo do incêndio na Kiss. O sobrevivente ainda relatou que a boate usava baldes de espumante com artefatos pirotécnicos em apresentações.
O julgamento tem duração prevista para 20 dias, sem interrupção, e o jurado está isolado,hospedado num hotel da cidade, sem se comunicarem até o final das oitivas.