Pessoas com deficiência cobram respeito da sociedade, poder público e empresas privadas
Vagas de estacionamento, carteirinhas e transporte são as principais queixas
Há tempos o jojonoticias.com.br vem veiculando em sua página, matérias sobre a acessibilidade, revelando os obstáculos que o deficiente físico atravessa em seu cotidiano em Porto Seguro. Pode até se tornar um pouco repetitivo bater nessa mesma tecla, mas só quem vive isso todos os dias, convivendo com calçadas desniveladas, com falta de rampas de acesso, com vagas de estacionamento sendo ocupadas por quem não deveria, e por toda uma série de conjecturas que torna Porto Seguro, um grande desafio para quem possui mobilidade reduzida ou qualquer tipo de deficiência.
Não se coloca nesse percurso, nada que possa ajudar. Não existem ações efetivas do poder público para melhorar a infraestrutura para os deficientes, não existe boa vontade das empresas privadas, concessionárias do transporte coletivo municipal, e nem eficiência para atender os deficientes físicos, e o pior, não existe cidadania do povo.
Só para citar um exemplo, Edson José dos Santos, pai de uma filha de nove anos que é cadeirante, relata um caso que ocorreu com ele uma vez, que demonstra a total falta de cidadania e entendimento das leis de um cidadão portossegurense. “Certa vez, quando passava pela Avenida Getúlio Vargas, na altura do Vipão, um mestre de obra estava com o carro estacionado na vaga destinada aos deficientes físicos. Parei meu veículo no meio da rua, travando todo o trânsito até ele retirar o dele da vaga. O pior não é ele fazer errado, descumprir as leis, mas se achar no direito de ficar revoltado”, conta.
E não foi só esse caso isolado que Edson e sua filha passam no seu dia-a-dia. Ele já viu policial sem farda ocupando vaga de estacionamento para pessoas com deficiência. “É uma falta de respeito, um descaso total. E as pessoas se sentem ofendidas quando a gente pede para elas retirarem o carro da vaga”, desabafa.
Conforme Edson, até as pessoas idosas desrespeitam a lei, uma vez que não entendem que se suas vagas destinadas à elas, estiverem ocupadas, não significa que podem ocupar a das pessoas com deficiência.
Outro problema enfrentado pelo pai é para conseguir a carteirinha de deficientes junto à Secretaria de Assistência Social, que habilita o motorista a parar nas vagas de estacionamento no município, uma vez que somente o beneficiário pode obtê-la. “Se minha filha tem nove anos, ela não pode dirigir, pois quem dirige sou eu. Então, como eles não podem me oferecer tal benefício?”, questiona Edson, acrescendo que sua luta para melhorar as condições de vida dos deficientes físicos, cadeirantes e as pessoas que possuem mobilidade reduzida, e, consequentemente, a qualidade de vida para sua filha, vai continuar: “tudo que estiver em meu alcance, em vou me empenhar por eles”.
Para quem não possui veículo próprio e necessita do transporte público, a situação ainda é mais desafiadora para a pessoa com deficiência. Quem enfrenta isso, como é o caso de Gilmar Mazinho, revela que apenas três coletivos da Viação Porto Seguro funcionam com os elevadores para os cadeirantes. São eles, os emplacados: 75003; 75001; 71606. “Hoje mesmo cheguei no ponto de ônibus para esperar o carro de 8h15. O tempo foi passando e nada dele chegar. Liguei para empresa e me responderam que ele estava em sua rota. Não chegava. Liguei outra vez e obtive outra resposta, que o fiscal tinha alterado a rota para Orla Norte e me disseram para esperar que chegaria um que vinha do Paraguai. Resultado ele chegou quase duas horas depois e quando cheguei ao centro para resolver minhas coisas já não dava mais tempo”, cita o cadeirante.
Outra pessoa com deficiência que preferiu não se identificar, reclama das pessoas que utilizam as vagas para deficientes sem possuir o direito para isso; das calçadas que não possuem adequação para cadeirantes; da falta de rampas, enfim, da falta de infraestrutura em geral. “A prefeitura possui verba para fazer tudo que possa auxiliar a vida das pessoas com deficiência; as obras de acessibilidade na cidade, mas não o fazem. Esperamos que um dia possamos andar com maior segurança pelas ruas do município”, conclui.