8 de março; o dia Da Luta das Mulheres Por Seus Direitos
Para começar a falar sobre o Dia Internacional das Mulheres é de praxe, da razão à data, a história por trás, das operárias russas e de seus protestos por melhores condições de trabalho, de incêndios criminosos às fábricas, resultando em inúmeras mortes, na maioria mulheres. Lembrar delas, dessas mulheres, trabalhadoras, que foram assassinadas cruelmente.
Lembrar da luta nos primórdios dessa data, das operárias socialistas européias e estadunidenses, isso lá pelos idos de 1900.
A data em si, a ONU definiu para o dia 8 de março de 1975, em alusão às manifestantes russas de 1917.
No entanto, ao longo dessas décadas, o sentido original desse dia vem se modificando, num caráter festivo e comercial, nessa de distribuir rosas vermelhas ou pequenos mimos, nas empresas ou de forma marqueteira de políticos de plantão, ações das quais nada representa a data – no sentido de reflexão – que em nada evoca o espírito das manifestantes russas do 8 de março de 1917.
Por isso não se deve bater palmas para esse dia. Sei que o sentido dessa intenção, do desavisado, é de parabenizar as mulheres, mas assim como dia da Consciência Negra, o Dia Internacional da Mulher é uma data de reflexão; da sociedade machista, misógina e assassina.
De uma sociedade que nem sequer busca discutir igualdade de gênero, que desqualifica o feminismo, dessa resistência conservadora e inescrupulosa, desses partidos de direita extrema, do presidente desse país, que já disse absurdos do tipo que “a mulher era feia e não merecia nem ser estuprada”, ou quando ofendeu o gênero, referindo aos seus filhos, “que na quinta vez fraquejou e nasceu mulher”. Ou ainda, mais recente, com esse deputado estadual doente, Arthur do Val, que no meio de uma situação de guerra, conseguiu enxergar sexo; a exploração sexual na miséria, no sofrimento das ucranianas. Nada mais abjeto, desumano e canalha.
Desse conservadorismo amundiçado, que ataca constantemente a um movimento legítimo que busca pela igualdade, onde os homens e as mulheres recebam os mesmos direitos, os mesmos salários quando exercem as mesmas funções.
Tanto, que só no Brasil se comemora a data com essa nomenclatura: “Dia Internacional da Mulher”, enquanto no resto do mundo o sentido da data já vem endossada com assinatura cursiva: “É o Dia da luta das mulheres por seus direitos”.
Quando falamos do Dia Internacional das Mulheres, estamos falando de lutas e, consequentemente, do feminismo.
Se você é homem e quiser parabenizar uma mulher nesse dia, diga à ela, que a valoriza por seguir em frente, mesmo vivendo numa sociedade machista, patriarcal e misógina. Que admira sua força por buscar seus direitos, sua luta – que é infinitamente maior do que a do homem – para ser reconhecida nas suas atividades, nos seus dons, nos seus trabalhos; que passam todos os dias por preconceitos e assédios. Por ser uma sobrevivente num país que mais se comete feminicídio no mundo.
Que reconhece sua educação machista e que vem buscando desconstruir esse sentimento em seu coração.
Tenho certeza que um farol será aceso nesse dia, um raio legítimo de esperança para todas as mulheres.