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Após 1ª morte e aumento dos casos de COVID-19, comunidade “pataxó” entra em alerta no Sul da Bahia

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Ainda de luto pela perda de Valmir Nunes Pataxó, que morreu na terça-feira (7/07) vítima do novo coronavírus, o cacique Fred Pataxó, da Aldeia Mirapé, em Porto Seguro, defendeu unidades de saúde dentro das comunidades para tratar indígenas com a doença, e fez um desabafo ao saber que o presidente Jair Bolsonaro havia vetado 14 pontos do Projeto de Lei 1142/2020, “precisamos fortalecer a saúde indígena”.

Bolsonaro vetou vários trechos do projeto aprovado pelo senado em 16 de junho e antes, pela Câmara dos Deputados , em 21 de maio, a lei com medidas de proteção a povos indígenas durante a pandemia do coronavírus.

O texto, publicado na madrugada desta quarta-feira (8/07) no “Diário Oficial da União (DOU)”, determina que os povos indígenas, as comunidades quilombolas e demais povos tradicionais sejam considerados “grupos em situação de extrema vulnerabilidade” e, por isso, de alto risco para emergências de saúde pública.

Bolsonaro vetou vários trechos do projeto, dentre eles estão a obrigação de o Governo fornecer água potável, itens de higiene e leitos hospitalares a indígenas. “Os vetos do presidente prejudicam diretamente o nosso povo. No Extremo Sul, a comunidade se mobilizou com barreiras sanitárias para impedir a entrada de pessoas que não são do nosso convívio; não a FUNAI, um órgão federal, mas sem autonomia para proteger os nossos direitos. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) sofre com a falta de apoio, e isso tudo dificulta o combate e a prevenção à Covid-19”, afirma Fred.

“Esse veto é uma atitude com requintes de crueldade porque nega os direitos humanos. Mostra a face escravocrata e anti-indigenista desse desgoverno que persegue índios e negros. Tínhamos que preservar e cuidar bem dos nossos antepassados e povos originários, mas a ganância da elite não permite. Muito lamentável”, criticou o Deputado Estadual Jacó (PT), de quem o Cacique Fred é assessor.

Dezessete casos em Coroa Vermelha e quatro casos suspeitos de coronavírus em Porto Seguro colocaram a comunidade pataxó em sinal de alerta. “Somos mais vulneráveis a essa doença. O Governo precisa criar bases de apoio dentro da própria aldeia para receber apenas os indígenas. Não podemos ir para hospital. A gente morre mais rápido por distância da família e dos amigos. Precisamos fortalecer a saúde indígena, porque ela está acabando”, diz o cacique.

Segundo Juari Pataxó, Secretário para Assuntos Indígenas de Santa Cruz Cabrália, o município possui oito aldeias, mas apenas Coroa Vermelha tem casos registrados de coronavírus. Até segunda-feira, (6/07), na aldeia, 17 indios tiveram testes positivos para o novo coronavírus, 15 já estão curados, um está em isolamento domiciliar e um morreu, que foi Valmir. A prefeitura de Santa Cruz Cabrália emitiu uma nota de pesar pela morte do idoso.

Valmir Nunes Pataxó, 68 anos, morava na aldeia Coroa Vermelha. Ele estava internado há cerca de duas semanas no Hospital Luís Eduardo Magalhães (HDLEM) em Porto Seguro,

“As outras aldeias não têm casos confirmados. A aldeia Coroa Vermelha, por ser mais aberta, urbanizada, ela teve essa facilidade de contaminação, mas aldeias menores não têm casos registrados. E os índios das aldeias menores fazem o monitoramento das pessoas, fizeram uma barreira sanitária em parceria com o município, e isso está inibindo o surgimento de casos”, explica o secretário.

Casos de Covid-19 entre indígenas

Terra indígena Ativos Curados Óbitos Total confirmados Suspeitos Total
Tupinambá de Olivença 4 32 1 37 27 64
Caramuru Paraguaçu 0 2 0 2 0 2
Coroa Vermelha 10 7 0 17 5 22
Comexatibá 7 3 0 10 8 18

Fonte: Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia

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