Barroso reage às seguidas declarações de Bolsonaro e, em nota, afirma que presidente pode incorrer em crime de responsabilidade
O presidente Jair Bolsonaro, nos últimos dias vem reiterando, em entrevistas, sua defesa pelo voto impresso, alegando, inclusive, caso não seja aprovado pelo Congresso Nacional, não acontecerão as eleições de 2022.
Esta sua última afirmação gerou reações em cadeia de presidentes de instituições, que condenaram em notas públicas e entrevistas a fala do presidente.
Além do Presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Luís Fernando Barroso, também o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, reagiu às declarações de Bolsonaro.
Ambos se manifestaram horas após Bolsonaro ter afirmado, sem apresentar nenhuma prova, que a fraude eleitoral está no TSE, além de atacar Barroso, chamando-o de idiota. Bolsonaro já havia colocado em Xeque a realização das eleições em 2020.
A radicalização do discurso de Bolsonaro coincide com as pesquisas que apontam o aumento de sua reprovação e o favoritismo do ex-presidente Lula (PT) no pleito de 2022.
Em entrevista, Pacheco subiu o tom e afirmou que não aceitará retrocessos à democracia do país, em resposta também às manifestações militares sobre a CPI da Covid-19.
“Todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado Democrático de Direito esteja certo que será apontado pelo povo brasileiro e pela história como inimigo da nação e como alguém privado de algo muito importante para os brasileiros e para o Brasil, que é o patriotismo, neste momento que nós precisamos de união, de pacificação e de busca de consenso”, afirmou Pacheco.
Já Barroso afirmou em nota que qualquer tentativa de impedir a realização de eleições em 2022”configura crime de responsabilidade”. “Qualquer atuação no sentido de impedir sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade”.
Por fim o magistrado classificou as declarações do presidente como “lamentáveis” e afirmou que Bolsonaro foi instado a apresentar as provas de fraudes que diz ter sobre as eleições e que nada apresentou.
Acrescentou que a realização de eleições é pressuposto do regime democrático.
Pelo visto, Bosonaro tenta reeditar a retórica do ex-presidente derrotado nas eleições americanas, Donald Trump que, anos antes do pleito, ciente do seu fracasso nas urnas, alegava fraudes na votação pelos correios, tentando antecipar justificativas para uma derrota que se desenhava eminente.
O enredo parece o mesmo. Não deu certo para o cow-boy. A justiça americana atropelou seu ímpeto autoritário. Aqui, na terra Brasilis, também não vingarão argumentos fajutos e arroubos desesperados que afaga uma minoria tão insana, quanto o protótipo de ditador assanhado que tenta raptar as conquistas democráticas e estender um tapete verde-oliva para se manter no poder.