O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou nesta segunda-feira (13/12) o novo modelo das urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições de 2022. O ministro e presidente da corte, Luís Roberto Barroso, visitou a fábrica da Positivo em Manaus responsável pela fabricação da placa-mãe do novo aparelho, e afirmou em coletiva que os críticos mais ferrenhos a ele diminuíram o tom.
Para as eleições do ano que vem, o TSE diz que a empresa deve fabricar 225 mil novas urnas eletrônicas, a partir de um modelo desenhado em 2020. A fabricante ganhou a licitação do TSE para produzir o novo equipamento, e a previsão é para que os novos dispositivos estejam prontos até junho de 2022.
As placas-mãe da nova urna são fabricadas na instalação da empresa em Manaus (AM), mas o resto do equipamento será produzido na fábrica da Positivo em Ilhéus (BA), inaugurada em 2020. A empresa afirma que essa fábrica é capaz de produzir 130 mil dispositivos por mês. Barroso deve seguir viagem de Manaus para Ilhéus para visitar a fábrica baiana.
No total, 557 mil urnas eletrônicas serão usadas no pleito do ano que vem. As urnas mais antigas que estarão à disposição do TSE para as eleições de 2022 estão funcionando desde 2009. Foi nesse ano que o hardware do dispositivo, que permite a execução apenas de programas desenvolvidos pela Justiça Eleitoral, foi introduzido.
Segundo o TSE, a nova urna eletrônica é mais segura, moderna e possui mais “recursos de acessibilidade”. Além de ter uma bateria maior, o aparelho também vai informar o mesário sobre o próximo eleitor na fila de votação ao mesmo tempo em que outro está usando a urna para votar. O objetivo da Justiça Eleitoral é agilizar o processo.
Ainda de acordo com o TSE, as principais mudanças envolvem a bateria da urna, que foi trocada para uma fonte de lítio ferro-fosfato. Com a mudança, o condutor não precisa de recargas, aumentando seu tempo de uso. Anteriormente, ele era trocado a cada cinco anos.
Outra novidade do modelo que será usado nas eleições de 2022 é a entrada tipo USB para inserção de pendrives, o que deve agilizar a coleta de informações pelo TSE. Um processador 18 vezes mais rápido que o do modelo anterior também foi implementado. A Justiça Eleitoral trouxe melhorias para o teclado e colocou tela sensível ao toque para mesários.
“Não há como chegar na urna eletrônica”, diz Barroso
Em entrevista coletiva concedida em Manaus, Barroso ressaltou que o código fonte o das urnas eletrônicas — alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) — já passou pela inspeção de “hackers”, peritos e partidos políticos. As urnas não se conectam a nenhuma rede externa ao TSE.
Barroso afirmou ainda que: não há como chegar até a urna eletrônica. Mesmo que o sistema do TSE seja invadido no dia de eleição — o que nunca aconteceu e se Deus quiser não acontecerá — o resultado das eleições ainda não seria comprometido, porque no final do dia, a urna imprime o boletim de urna com o resultado da eleição.
A partir da impressão do boletim de urna, os dados dos votos de mais de 400 mil sessões eleitorais são enviados ao TSE, que os soma usando um supercomputador . São 140 milhões de eleitores no Brasil, distribuídos entre os 5.600 municípios.
A urna eletrônica que será usada em 2022 já foi posta à prova por peritos do TPS (Teste de Segurança Pública). Segundo o TSE, nenhuma falha grave foi encontrada, mas houve cinco achados — como a corte chama brechas de segurança mais leves. Em uma delas, técnicos da PF invadiram a rede do TSE. Barroso confirmou que eles não poderiam alterar o resultado das eleições mesmo com a invasão.
O presidente do TSE disse que os críticos mais ferrenhos à urna eletrônica recuaram, mas que não é possível convencer a todos. “Não temos controle sobre o imaginário das pessoas. Tem gente que acha que o homem não chegou à Lua”, acrescentou Barroso.
Ele não chegou a mencionar o nome de Jair Bolsonaro. O presidente já foi um dos porta-vozes de ataques ao sistema eleitoral brasileiro, chegando a alegar que houve fraude nas eleições de 2018, na qual ele venceu o rival Fernando Haddad (PT) no segundo turno. Contudo, no mês passado, o presidente diminuiu o tom, ao afirmar que a eleição de 2022 seria mais confiável por causa da participação das Forças Armadas na auditoria do processo de votação.
Com informações: O Globo