O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, declarou hoje que o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) não será realizado em 2021.
A justificativa apresentada foi a falta de previsão de recursos no Orçamento sancionado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). “Não há previsão orçamentária para o Censo em 2021. Portanto, não se realizará em 2021.
As conseqüências e gestão para um novo Censo serão comunicadas ao longo desse ano, em particular, a partir de decisões tomadas pela junta orçamentária”, disse.
Essa edição do Censo já foi postergada em um ano – deveria ter sido realizada em 2020, mas foi adiada por conta da pandemia.
Sem a realização da pesquisa, especialistas afirmam que há perda de qualidade das políticas sociais, redução na distribuição de recursos para os municípios e descompasso nas pesquisas regulares de emprego e renda são algumas das conseqüências de um novo adiamento.
Entre os problemas causados pelo atraso está a distribuição de recursos públicos, já que o volume transferido nas cotas dos fundos de participação estaduais e municipais tem por base o número de habitantes de cada local. O número de moradores ajuda a definir, por exemplo, os coeficientes de repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), uma das principais fontes de receita das prefeituras, usado, sobretudo, para custear a folha de pagamento. Sem a nova contagem da população, as estimativas ficam defasadas.
O Brasil sempre produziu números embasados, nossos institutos têm renome internacional e os trabalhadores desses órgãos são de grande competência. Mas os últimos tempos têm sido sinistros para quem trabalha com levantamento de dados, uma vez que o governo, insatisfeito com a realidade, vem comprando brigas com ela. E dizendo que termômetros são culpados por febres.
Nesse campo, Bolsonaro já se lambuzou de tudo o que é jeito. Afirmou que a metodologia de cálculo de desemprego da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua estava errada; disse que tinha a “convicção” de que os dados de desmatamento da Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) eram “mentirosos”; colocou sob desconfiança a contagem de mortos por Covid-19. Tudo porque os números demonstram a incompetência de sua gestão.
Se um país não garante informações confiáveis sobre economia e outros aspectos da vida cotidiana, a fim de que pessoas, organizações e empresas tomem decisões baseadas na realidade, ele caminha no escuro.
Isso acontece com mais freqüência em governos pouco afeitos à democracia, pois assim podem adaptar a realidade às suas mentiras.
Ou vocês acham normal que veículos de comunicação precisem se juntar em um consórcio para apurar e divulgar à população os dados de mortes por Covid-19 por que falta confiança e transparência nos dados do governo?
Por fim, o que acontecerá com o dinheiro pago por milhões de brasileiros para se inscreverem no censo? Nada sobre isso foi esclarecido até o momento.
Fonte: UOL Notícias