Com mais poderes, Trump toma posse como 47º presidente dos EUA cercado de superconservadores e magnatas
Após vitória com folga na eleição de 2024, Donald Trump assume nesta segunda (20/01) oficialmente a presidência da Casa Branca. Republicano deve assinar também hoje série de ordens executivas anti-imigração e favoráveis a magnatas que farão parte de seu novo governo.
Era a Casa Branca ou a cadeia”
O professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan acredita que esses eram os únicos destinos possíveis para Donald Trump em 2025. Com processos judiciais anulados e uma vitória expressiva nas urnas nas eleições americanas de novembro, ele garantiu a primeira opção.
Quatro anos depois, ele volta nesta segunda-feira (20/01) a ocupar o posto de presidente dos Estados Unidos com fôlego renovado, processos judiciais resolvidos e, desta vez, sem a tutela de figurões do Partido Republicano como a do primeiro mandato.
Trump, que venceu as eleições em novembro de 2024, toma posse nesta tarde em cerimônia em Washington para a qual convidou apenas aliados, entre eles o argentino Javier Milei.
Também nesta segunda, o republicano já dará o pontapé inicial aos primeiros atos de seu governo: ele vai assinar, de uma só vez, dezenas de ordens executivas direcionadas a políticas anti-imigratórias —que podem afetar brasileiros em situação ilegal nos EUA— e tributárias favoráveis aos magnatas que agora integram seu governo.
A estratégia é a mesma de sua primeira gestão à frente da Casa Branca, quando ele anunciou decretos polêmicos já nos primeiros dias de governo, como a construção do muro na fronteira com o México e a suspensão de vistos para cidadãos de sete países muçulmanos.
Mas isso não quer dizer que a sua nova gestão será similar à anterior. Desta vez, na avaliação do professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisano republicano deve governar em “voo solo”, já que se afastou da ala mais experiente de seu partido, de quem dependeu no primeiro mandato por conta da falta de experiência na política.
Ele também se sente mais legitimado pelos eleitores —diferentemente da sua primeira vitória, em 2016, ele venceu sua rival em 2024, a democrata Kamala Harris, tanto por número total de votos quanto na contagem do Colégio Eleitoral, órgão que elege o presidente do país.
“Vamos ver uma grande diferença entre o Trump 1 e Trump 2. O Trump do primeiro mandato conhecia pouco a dimensão exata do que ele podia fazer, então, se aproximou da ala mais experiente do Partido Republicano. Ou seja, havia sempre “um adulto na sala”. Agora, Trump não os quer mais”, disse Trevisan ao g1.
“E este será um governo de superconservadores e magnatas. Não há espaço para políticos experientes”.
Posse
Já na cerimônia de posse, também chamada de Dia da Inauguração nos EUA, Trump dará demonstrações desse “voo solo”. Quebrando um protocolo de não convidar governantes do exterior para o evento e sim diplomatas que os representem, o republicano, segundo a imprensa local, enviou uma série de convites diretos a aliados.
Entre eles, os presidentes Javier Milei, da Argentina, Giorgia Meloni, da Itália, e Viktor Orbán, da Hungria, além do brasileiro Jair Bolsonaro — apesar de o Supremo ter negado o pedido de Bolsonaro, que está com o passaporte apreendido, de ir à cerimônia nos EUA.
Trump também chamou políticos de partidos ultraconservadores europeus, como Tino Chrupalla, do Alternativa para a Alemanha (AfD), o espanhol Santiago Abascal, do VOX, e o ultraliberal britânico anti-União Europeia Nigel Farage, de acordo com o site de notícias dos EUA Politico.
Já a presidente da Comissão Europeia — o braço executivo da União Europeia —, Ursula von der Leyen, não recebeu convite, assim como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. O líder chinês, Xi Jinping, foi convidado por Trump, mas enviou seu vice.
O presidente Lula (PT) não foi convidado para a posse. A embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, vai representar o governo brasileiro no evento.
Nomes do Vale do Silício e magnatas da tecnologia, parte essencial da segunda gestão de Trump — ex-magnata que tem uma fortuna estimada em cerca de US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 32 bilhões) — também terão assentos garantidos na posse.
Segundo a imprensa norte-americana, Elon Musk, CEO da Tesla, do X e do SpaceX; Jeff Bezos, presidente-executivo da Amazon; e Mark Zuckerberg, CEO da Meta, estarão nas primeiras filas.
É justamente pensando nesse nicho que Trump deve assinar uma enxurrada de ordens executivas já durante a cerimônia de posse. As promessas de Trump de deportar imigrantes deverão encabeçar a lista das ordens executivas e, com isso, criar uma cortina de fumaça para medidas tributárias que favorecem o Vale do Silício, segundo o professor Leonardo Trevisan.
“Nós vamos assistir a uma enorme cortina de fumaça nos primeiros dias, exatamente pela complexidade que terão algumas medidas econômicas”.
Fonte: G1 Notícias