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Abastecimento de água em Porto Seguro: falta regularidade e qualidade

Falta de água frequente, mau cheiro, cor turva, sujeira e altas tarifas são apenas a ponta do iceberg. O cenário de abastecimento d'água em Porto Seguro preocupa.

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A Prefeitura Municipal, no intuito de nortear o Plano Municipal de Saneamento Básico Participativo, ouviu a população Porto Segurense em diversos bairros e distritos, coletando através de questionários uma série de informações acerca do abastecimento de água em nossa cidade, dentre outros assuntos.

É de conhecimento geral que depender da administração pública para que a água potável chegue às nossas casas com qualidade e regularidade, é uma tremenda dor de cabeça. Mais certo ainda, é que esses problemas não estão ligados ao valor das taxas que nos são cobradas. Se assim o fosse, o serviço de abastecimento deveria ser nada menos do que impecável, dado os valores absurdos que pagamos.

Uma visão mais detalhada, entretanto, é necessária. Apontar falhas de forma genérica pode ser um erro e, talvez, atrapalhe a identificação de uma solução eficaz. O Jojô Notícias teve acesso aos resultados da pesquisa elaborada pela Prefeitura, e apresenta, abaixo, os pontos mais relevantes.

DE ONDE VEM A ÁGUA?

Dos entrevistados, 76% disseram que a água consumida vem da rede pública, ou seja, a maioria da população utiliza a água fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA). Outros 20% afirmam captar a água de poços, sejam particulares ou públicos. Uma minoria recorre a rios, chafarizes, caminhões pipa, cisternas e reuso de água de chuva.

PROBLEMAS COM A ÁGUA

O maior problema é a frequente falta de água, reclamação esta que foi apontada como a principal por 22% dos entrevistados. Em segundo lugar, com 20%, vem a cor da água, que em tese deveria ser incolor, mas rotineiramente apresenta tons de turbidez. Outros 14% apontam a sujeira na água como o principal problema. O cheiro ruim e o gosto não insípido seguem com 13% cada um na insatisfação dos entrevistados. Outros problemas rotineiros apontados foram o ar na rede, pouca pressão ou muita pressão, dentre outros.

Desses problemas, 65% têm recorrência diária e/ou semanal. Além disso, se apresentam na maioria dos casos em conjunto e não isoladamente, de forma que é possível que o consumidor receba a água, por exemplo, com problemas na cor, no cheiro e no gosto de uma só vez.

Em TRANCOSO o ponto mais protestado pela população foi a não continuidade no fornecimento, visto que ali muito se sofre com a frequente falta d’água. Boa parte do abastecimento em Trancoso advém de poços públicos, que por vezes não é suficiente para a demanda dos moradores. Este problema se agrava ainda mais em época de alta temporada, quando o fluxo de turistas faz aumentar o consumo. Outros fatores que contribuem para a falta d’água é a ausência de um reservatório e a ausência de gerador para manter o bombeamento funcionando em caso de queda de energia. A título de exemplo, temos o caso que ocorreu no início deste ano (2018), e que foi noticiado pelo Jojô Notícias (confira aqui), quando o bairro Mirante do Rio Verde ficou sem água devido a um problema apresentado na bomba que capta a água do poço e, por não haver uma bomba reserva, a falta d’água se estendeu por absurdos 30 dias.

Em PINDORAMA a população reclamou do reajuste feito pela EMBASA, que além de aumentar o valor da tarifa mínima, diminuiu a quantidade de água que pode ser consumida dentro desta tarifa (redução de 10m³ para 6m³), sem falar no aumento das taxas em faixas de consumo superiores. Outros temas levantados foram a melhoria do PH da água, manutenção de nascentes e o cheiro forte presente na água.

No COMPLEXO BAIANÃO o principal questionamento foi a limitação no fornecimento de água, principalmente nos bairros Paraguai e Parque Ecológico, onde há diversas ruas onde a água não chega, e quando chega é em quantidade bastante limitada e em condições ruins. A população denunciou também ocupações irregulares no leito do Rio dos Mangues (atrás da Vila Parracho), rio este que abastece a cidade de Porto Seguro.

No CENTRO, AREIÃO E PEQUI, a água salobra foi uns dos principais motivos de queixa. Em ARRAIAL D’AJUDA o abastecimento é irregular, principalmente em Apaga Fogo e Santiago.

Presença de ar na rede, excesso de cloro e ausência de tarifa social foram questionados pela população de VERA CRUZ. Além disso, denunciaram a ausência de hidrômetros na maioria das casas, o que acarreta em cobranças sem critério.

Em VALE VERDE poços artesianos não atendem a demanda da população. A água é salobra e apresenta cheiro ruim. O chorume do lixão de Porto Seguro contamina o Rio Buranhém e lençóis freáticos que abastecem o projeto Vale Verde. Em CARAÍVA e NOVA CARAÍVA não existem projetos de abastecimento.

O cenário em Porto Seguro é ruim. A EMBASA, que opera sob um contrato já vencido, deveria trabalhar para oferecer água tratada com qualidade e regularidade, fazendo um rigoroso controle da qualidade da água desde a captação até os pontos de distribuição na rede, atendendo a todos os parâmetros de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A potabilidade da água deveria ser averiguada por análises diárias.

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