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Alô..Alô Gilberto Gil.. Aquele abraço!

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Em uma postagem recente em suas redes sociais, Gilberto Gil escreveu sobre se tornar ancestral e ser eternizado: “O legado é esse, qualquer fragmento é parte da totalidade”. Hoje, se tornou comum os admiradores o classificarem como um “orixá vivo” entre nós. E a essa prática ele responde com serenidade: “E qual é o problema? É deles que eu venho”.

Neste domingo (26/06), Gilberto Gil completa 80 anos e a maior de todas as certezas é que ele se consolidou como um dos maiores artistas da música brasileira.

 

Gilberto Passos Gil Moreira é tradição. Sua canção passeia por uma Salvador do passado, onde negros não entravam nos clubes sociais nem pelas portas de serviço. Ao mesmo tempo, ele é a cara da atualidade, seja ao se engajar nas causas sociais ou na dancinha da Galinha Pintadinha ao lado da neta.

Imortal da Academia Brasileira de Letras, ex-ministro da Cultura do Brasil, Gil é dono de uma das maiores trajetórias culturais da história do Brasil.

“A importância de Gil está além do musical e dos trabalhos desenvolvidos. Ele integra uma geração de artistas ícones”, comenta Carol Morena, produtora cultural e curadora de festivais .

Morena acredita a força de Gilberto Gil está no conjunto da sua história, o que envolve a música, suas lutas sociais e a participação política. “Fico em dúvida se a gente vai ter artistas que carregam tanto do que ele carrega”, completa.

O jornalista Osmar Marrom Martins, amigo da família Gil, vê no artista a tranquilidade que o próprio cantor trouxe para Dorival Caymmi na canção Buda Nago. “”Gil é uma pessoa tranquilíssima. É zem, sem vaidade e estrelismo. Trata todo mundo bem.”

Gil e “Os Doces Bárbaros”

Fã declarado, Martins o define como “homem de uma obra maravilhosa”.

A referência a Gil como um dos gigantes da música brasileira encontra eco na voz de quem caminhou ao lado dele em diversos momentos. O amigo Caetano Veloso, por exemplo, coloca em Gil a grandeza de ter estado à frente do movimento tropicalista.

“O tropicalismo se deve a Gilberto Gil. Ele voltou com a ideia de organizar um projeto muito nitidamente pensado (…) queria fazer uma coisa que pusesse em cheque essa cultura que fazíamos parte. Ele queria propor isso para todos os músicos da nossa geração. Marcou vários encontros e falava com as pessoas. Gil quem trouxe a ideia de fazer essa coisa organizadamente, programática, que veio a dar no que se chamou de tropicalismo”, conta em depoimento do Museu Virtual de Gil.

”Gil nos alimentará sempre e para sempre”, diz o amigo, compadre e parceiro em inúmeros composições.

Difícil é encontrar um artista baiano que não veja em Gilberto Gil uma fonte de inspiração.

“Gil é um cara multi e, por isso, deixa muito para todo mundo, principalmente para a cultura do país e do mundo. ‘Essa força que Gilberto Gil tem, porque além de ele fazer lindas canções, trouxe o meu gosto pelas músicas, pelos arranjos, pela banda. O meu interesse por essas coisas vem dele”, contou Ivete Sangalo, também em depoimento ao Arts & Culture dedicado a Gil.

Para além da referência, Gil foi e sem mantém modelo, especialmente para artistas negros. Margareth Menezes destaca que sempre viu nele uma imensa representatividade preta. Em Gil reside, segundo Margareth, o pensamento libertário.

“É um punk à moda brasileira, à moda baiana”, completa

É também como revolução que outro talento nascido em solo baiano, Tom Zé, vê Gil. “Uma pessoa com a cabeça como a de Gil não precisava frequentar um curso regular para conhecer toda uma revolução do pensamento musical. Com 10% de frequência, e com a excitação do ambiente cultural da cidade, tantos espetáculos nas escolas de teatro e dança, a retroalimentação da conversa com amigos artistas. Gil já portaria os mesmos desafios nos neurônios.”

Entre amigos e especialistas, a referência à revolução casada por Gil é citada a todo momento.

“Eu vejo Gil hoje enquanto artista muito honesto. Ele é um artista entidade maior. Revolucionário e patrimônio. É muito privilégio viver na época desse cara, ver ele trabalhando, envelhecendo” destaca a produtora Carol Morena.

Super homem

Também no museu virtual dedicado a Gil, Maria Bethânia relembra doces memórias de um Gil antes mesmo de serem apresentados quando relembra uma paixão à primeira vista.

“Gil já demonstrava ser um extraordinário músico. Antes de cantor, ele sempre cantou muito bem, mas já era nítido o violão dele, a capacidade musical, a novidade musical que existia nele.”

“Eu tinha uma paixão alucinada por ele. Na minha cabeça, eu era namorada dele. Eu tinha para mim que ele era meu namorado. Então, para os meus amigos de colégio, de ginásio, eu dizia: ‘Olha, o meu namorado é o Gilberto Gil’.”

Por fim, ela destaca que a genialidade de Gil sempre foi vista por ela e o irmão Caetano como algo superior.

“Acho que Caetano sempre teve Gil num degrau acima. Nós todos sempre tivemos. Eu também. Mas Caetano, por ser o mais entendido e sabedor do assunto, globalmente, o significado de um trabalho artístico, ele tinha Gil num degrau acima.”

Revolucionário, referência, patrimônio, orixá. Gilberto Gil chega aos 80 anos multifacetado, sendo partícula e um todo nos dando a impressão de viver como um super-homem que nos restitui a glória, “mudando como um Deus o curso da história”.

Por Informações: G1

 

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