O ex-auditor-fiscal Arnaldo Augusto Pereira, preso na Bahia após forjar a própria morte para escapar da prisão, confessou que pagou R$ 40 mil pelo atestado de óbito e por uma identidade falsa, que passou a usar desde então.
A informação foi confirmada pelo Ministério Público (MP-BA) à TV Bahia, nesta quarta-feira (15), dia em que ele foi capturado. A ação aconteceu na cidade de Mucuri, no sul do estado, após Arnaldo Augusto ser monitorado por quase duas semanas. O homem foi condenado a 18 anos de prisão por participação na chamada “máfia do ISS”.

O g1 teve acesso a um dos documentos falsificados. A certidão atesta que o ex-auditor-fiscal teria morrido na tarde de 10 de julho deste ano, por problemas no coração e diabetes, mas o documento só foi assinado em 19 de setembro.
A morte teria ocorrido no bairro da Liberdade, em Salvador — a mais de 900 km de onde o procurado morava com a família —, e o corpo teria sido sepultado no município de Cachoeira, no Recôncavo baiano.
O documento tem a assinatura de um médico baiano e é registrado em um cartório de Salvador. Ele foi anexado ao processo por uma pessoa sem vínculo familiar com Arnaldo, mas com passagens na polícia por furto, roubo e estelionato. O nome não foi divulgado.
Procurado pela equipe de reportagem, o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA) informou que não irá se posicionar no momento.
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) e a Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais da Bahia (Arpen-BA) também foram contatadas, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
Já a defesa do ex-auditor fiscal não foi localizada.

Entenda a ação
Segundo detalhou o MP-BA à TV Bahia, durante o monitoramento de Arnaldo Augusto Pereira, os agentes acompanharam endereços ligados a ele, como residências vinculadas à esposa e a paróquia que o ex-auditor fiscal e a família frequentavam.
Foi assim que os investigadores constataram que o homem seguia vivo e usava outro nome. A identidade em questão, no entanto, não foi divulgada. Além de cumprir mandado de prisão temporária contra o investigado, documentos dele também foram apreendidos.
A operação foi deflagrada nas primeiras horas do dia pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e às Organizações Criminosas Sul (Gaeco-Sul), do MP-BA.
A prisão foi efetuada com o apoio das Rondas Especiais do Extremo Sul, da Polícia Militar (Rondesp Extremo Sul), em atuação conjunta que contou com informações de inteligência fornecidas pelo Grupo Especial de Delitos Econômicos do Ministério Público de São Paulo (Gedec).
Conforme apontam as investigações, o esquema que contou com a ação do ex-auditor fiscal movimentou mais de R$ 500 milhões em propinas dentro da Prefeitura de São Paulo.
Arnaldo Augusto já tinha sido preso duas vezes, em 2016 e 2017. Em 2019, ele foi condenado. No entanto, diante da certidão de óbito, o ministro Antonio Saldanha Palheiro chegou a extinguir a punibilidade do acusado.
Fonte: G1 Bahia