Carta de Jânio Natal marca pedido de perdão histórico e compromisso com reparação aos povos originários em Porto Seguro
Um momento de forte simbolismo, emoção e significado histórico marcou o encontro com lideranças políticas realizado na segunda-feira (22/12), em Porto Seguro. Durante o evento, o secretário municipal dos Povos Originários, João Cunha, fez a leitura pública de uma carta assinada pelo prefeito Jânio Natal, gesto que foi recebido com respeito, silêncio atento e aplausos das lideranças indígenas e autoridades presentes.
Antes de iniciar a leitura, João Cunha fez uma declaração que resumiu o espírito do ato e arrancou manifestações de apoio do público:
“Não tenho partido, meu partido é Jânio Natal.”
A frase reforçou o caráter suprapartidário do momento, colocando o foco na reparação histórica, no reconhecimento das dores e na construção de um novo pacto social com os povos originários e afrodescendentes.

Na carta, o prefeito Jânio Natal adota um tom firme, humilde e profundamente humano. O documento reconhece as injustiças históricas provocadas pela expropriação indevida de terras, pela colonização brutal e violenta, cujos efeitos ainda hoje se manifestam por meio do racismo estrutural que atinge os povos africanos e originários. Ao assumir esse reconhecimento, o prefeito rompe com o silêncio institucional que por séculos ignorou essas feridas abertas.
Mais do que um texto formal, a carta se configura como um pedido explícito de perdão e um marco simbólico de reparação social, reafirmando o compromisso do município com a dignidade, a memória, a cultura e os direitos dessas comunidades. O gesto foi interpretado pelas lideranças indígenas como um avanço concreto no diálogo entre o poder público e os povos tradicionais.
Presente ao ato, o ex-prefeito de Salvador e candidato ao Governo do Estado da Bahia, ACM Neto, destacou a profundidade do gesto e a relevância política e humana da iniciativa.
“Não é só uma assinatura num papel, mas um gesto maior que estendo para mim, para trabalharmos juntos por um futuro reparador e de esperança para essas pessoas”, afirmou.
ACM Neto aproveitou a ocasião para assumir um compromisso público com as lideranças indígenas presentes, garantindo que, em seu plano de governo, haverá um capítulo exclusivo dedicado aos povos originários. Segundo ele, a proposta é construir um Estado acolhedor e parceiro, que preserve a cultura, respeite o passado e ofereça oportunidades concretas para um futuro promissor, com políticas públicas estruturantes e diálogo permanente.
O encontro consolidou Porto Seguro como referência no debate sobre reparação histórica e inclusão social, reafirmando o município como território simbólico da origem do Brasil, mas também como espaço de reconstrução, escuta e esperança. A carta lida por João Cunha passa a integrar não apenas os registros oficiais, mas a memória coletiva de um tempo em que o poder público escolheu reconhecer erros, pedir perdão e caminhar ao lado daqueles que, por séculos, foram silenciados.
Veja abaixo a carta na íntegra:
