Leandro Karnal faz plateia refletir sobre Ética e Corrupção
Karnal: “Tudo começa com minha intolerância ao desvio ético”
Foi num clima gostoso, ao ar livre, numa noite onde a Lua Crescente, aquela do sorriso meio de lado, fazia questão de se mostrar, quando o filósofo e historiador, Leandro Karnal, subiu ao palco do Parque de Eventos do Resort La Torre para apresentar sua palestra “Ética e Corrupção”, nesta sexta-feira, 18 de maio.
Para cerca de mais de 1.000 pessoas, Karnal começou sua análise, apresentando sua visão do otimismo. “O pessimista é realista. Ele pode apresentar inúmeras verdades, mas o seu pior problema é não colaborar com nada. O otimista provoca mudança. Casar é de um otimismo brutal. Ter filhos é um péssimo investimento, pois só vai render preocupação e gastos. Nossos pais e avós foram otimistas. Só existe o futuro por causa dos otimistas”, explicou.
Seguindo a linha filosófica que mantém, enquanto professor da Unicamp e autor de nove livros, Karnal prosseguiu registrando o código de ética brasileiro. “Somos penalizados por andarmos corretos. Se eu chego no horário certo num determinado local, sou penalizado, uma vez que acabo esperando os atrasados para que o evento comece. Ser ético é ser um panaca? Não é o número de pessoas que está fazendo algo errado, que permite que aquilo se torne correto. Seja um ou milhões de pessoas, o errado será sempre errado, mesmo que não haja testemunhas ou provas”, questiona.
Com mais de um milhão e trezentos mil seguidores, ele eleva essa ética dentro de um cenário político, quando evidencia a diferença entre o que é público e privado na cabeça da maioria dos políticos brasileiros. Citando o exemplo de um ex-ministro que estava usando o carro oficial para levar seu cachorro no veterinário, ele mostra a diferença entre fazer algo errado e se vangloriar de sua canalhice. “Tudo começa com nossa intolerância ao desvio ético. Eu acredito nas leis duras contra o racismo, contra a corrupção, contra a pedofilia e tudo nesse sentido”. diz.
Por fim, Karnal acrescenta: “continuo sendo otimista, não pelo que eu vejo nos jornais, mas pelo que vejo nos olhos de cada pessoa que está aqui. O Brasil é nosso. Eu amo esse país”.
No final, o palestrante respondeu as perguntas da plateia por meio de um painel mediado pelo empreendedor Luigi Rotuno. Em uma das perguntas, quanto à possibilidade de se ingressar na política, ele respondeu que não se candidataria, pois entende que sua função política hoje é outra: ser professor . “Uma boa aula destrói esse sistema, sendo professor eu tenho um trabalho muito mais eficiente do que se fosse vereador ou deputado por São Paulo”, conclui.