Na reta final da campanha do primeiro turno, que acontece no próximo domingo (2/10), algumas pesquisas de intenção de voto ainda serão divulgadas e podem influenciar na decisão de parcela do eleitorado. É exigido por lei que todos os levantamentos eleitorais sejam registrados no sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até cinco dias antes de sua divulgação
O cadastro deve conter informações sobre quem contratou a pesquisa, o custo, a origem dos recursos de pagamento, a metodologia, o período de realização, o plano amostral e ponderações sobre sexo, idade, grau de instrução, nível econômico, intervalo de confiança e margem de erro. Todas essas informações devem ser públicas.
Centenas de registros foram feitos nos últimos dias na plataforma, mas muitos levantamentos são regionais ou feitos por institutos de pouca relevância ou confiabilidade. O UOL lista a seguir os mais importantes para ficar de olho no âmbito nacional.
29/9 – Datafolha
Na quinta-feira (29/09), antes do debate presidencial na TV Globo, que acontece no mesmo dia, será divulgada uma pesquisa Datafolha contratada pela Folha e pela Globo. O instituto entrevistará 6.800 pessoas em pontos de fluxo entre os dias 27 e 29 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais e para menos. Embora o escopo de um levantamento presidencial feito pelo Datafolha seja de 2.800 entrevistados, o universo foi ampliado para incluir levantamentos em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
29/9 – Ideia
Também na quinta, o Ideia Instituto de Pesquisa divulga levantamento contratado pela revista Exame. Serão 1.500 entrevistados por telefone entre os dias 23 e 28 de setembro. A margem de erro estimada é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.
1º/10 – Ipespe/Abrapel
No dia 1º, o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas e a Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais divulgam um levantamento feito por telefone com 1.100 entrevistados no dia anterior. A margem de erro é estimada em três pontos percentuais, para mais ou para menos. Para além da intenção de voto, a pesquisa questiona a opinião do eleitorado sobre o desempenho dos candidatos no debate, que será realizado na noite anterior e transmitido pela Globo.
1º/10 – Ipec.
O Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) também divulgará um levantamento no sábado, contratado pela Globo. Serão 3.008 entrevistados pessoalmente entre os dias 25 de setembro e 1º de outubro, segundo o registro no TSE. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O levantamento abordará como o entrevistado se sente em relação à vida que leva hoje, a aprovação do governo atual e a sensação sobre o futuro do país.
1º/10 – Datafolha
Uma última pesquisa Datafolha também será divulgada na véspera da eleição, contratada pela Folha e pela Globo. Ela foi registrada no dia 24 no sistema do TSE, com previsão de ser publicada no dia 30, mas a assessoria do instituto confirmou que será no dia 1º. O levantamento questiona, inclusive, a opinião do eleitorado sobre o desempenho dos candidatos no debate, realizado na noite anterior. Para o levantamento, serão 12.800 entrevistados em pontos de fluxo até o sábado. O universo pesquisado foi ampliado para contemplar amostras regionais de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Apenas eleitor indeciso é afetado, diz pesquisador
Segundo Victor Araújo, pesquisador sênior no Departamento de Ciência Política da Universidade de Zurique, na Suíça, o resultado de pesquisas nesta reta final tende a ter uma influência maior sobre o eleitorado. “O que sabemos pelo que temos coletado na área de ciência política nas últimas décadas é que os eleitores tendem a votar em quem está liderando as pesquisas”, diz ele. Araújo ressalta, no entanto, que este é um movimento que afeta apenas os eleitores indecisos. Ou seja, aqueles que, a essa altura do campeonato, ainda não decidiram o voto, e que vão esperar até a última hora para ver o que pode acontecer.
Araújo ressalta, no entanto, que este é um movimento que afeta apenas os eleitores indecisos. Ou seja, aqueles que, a essa altura do campeonato, ainda não decidiram o voto, e que vão esperar até a última hora para ver o que pode acontecer.
“Se pegarmos os eleitores que têm uma identificação partidária forte, eles já estão certos de que irão votar em Lula ou Bolsonaro, por exemplo, e a pesquisa não faz diferença”, diz.
Segundo mais recente pesquisa Datafolha, apenas 11% dos eleitores disseram que podem mudar de voto. Esses eleitores são em grande parte pessoas que votariam em Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), mas admitem migrar para quem estiver à frente nas pesquisas.
Araújo afirma também que não há evidências de que essa influência mude de pesquisa para pesquisa. “Em um contexto de muita polarização, há mais discussão sobre a metodologia das pesquisas, o que está por trás dos métodos, mas essa discussão ainda atinge um número muito pequeno de brasileiros. A maior parte não sabe como as pesquisas são feitas, o eleitor precisa apenas confiar no resultado”, diz.
O pesquisador ressalta, ainda, a importância de se regular a produção desses dados. “Nos últimos tempos, houve uma proliferação enorme de institutos de pesquisa, vários usando painel online ou realizando os levantamentos por telefone. Nem todos são sérios, porém”, critica.
“Não sabemos quem são as pessoas que estão atendendo o telefone ou qual é a taxa de resposta. Esses detalhes introduzem um viés ou outro que nós não sabemos. Em algum momento, esse mercado precisa ser regulado. A competição é benéfica para a democracia, mas precisa ser feita de forma organizada, ou produz mais ruído do que ajuda os eleitores”.
Fonte: UOL