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Famílias comem lagartos e restos de carne para enganar fome no RN

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Reportagem de Renata Moura na Folha de São Paulo relata como famílias no Rio Grande do Norte estão comendo lagartos e restos de carne para enganar a fome no Brasil. É uma realidade que se alastra pelo país.

Neste ano, ganharam notoriedade imagens de ossos de boi serem disputados por moradores no Rio de Janeiro e vendidos como um produto a mais em açougue em Santa Catarina.

Em Fortaleza, ossos de carne de primeira e de segunda também foram incluídos na lista de itens de alguns açougues, quando antes eram doados.

“A última vez que comi carne já tem mais de um mês. Foi quando ajudei a tirar o couro de uma vaca”.

Pedaços foram repartidos onde caíram. Adailton, 52, conta que ficou com “a mão”, uma das patas dianteiras. Com a mulher, Sebastiana, fez o pedaço render por 20 dias no fogão à lenha improvisado. Alimentos ali estão contados. Os R$ 170 do Bolsa Família “não dão para nada”, afirma, e o auxílio emergencial da pandemia é passado, diz a Folha.

“Ao invés de deixar a vaca para urubu e cachorro, a gente tem que comer”, diz o agricultor. “É isso porque não tem outro jeito. Sem chuva não se planta o que comer e se acabam os animais. Também não existe mais passarinho para desfrutar, e a gente não tem condição de pedir no mercado ‘bota 1 kg de carne com osso’. A gente tem que pegar os bichinhos para fazer a mistura.”

A reportagem  aponta que o desemprego acentuado com a pandemia e a queda no poder de compra em 2021 agravou a insegurança alimentar e a fome. Mais da metade (52%) dos municípios potiguares estão em “seca grave”. A área com esse diagnóstico aumentou, segundo a Ana (Agência Nacional de Águas), e o estado é, no Nordeste, o mais afetado pela estiagem. O governo lançou em outubro um plano estadual de convivência com o semiárido.

Paralelo a isso, a Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social calcula que 370 mil famílias estejam na extrema pobreza, o maior patamar em uma década.

“A mistura, às vezes, é ovo. Às vezes, não tem. Nem calango, nem lagarto tijuaçu tem mais aqui. Eles migram atrás de água.” Há quem diga que os que ficam “são pequenos como lagartixas”, relata um morador.

O Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU em 2014, mas agora regride.

Fonte:  Diário do Centro do Mundo

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