A Casa na Areia, localizada em frente à paisagem do Oceano Atlântico no Nordeste do Brasil, experimenta a aventura entre o limite entre a arquitetura e a natureza no cenário de Trancoso, na Bahia.
Imersa no matagal verde que introduz a praia de Itapororoca, a casa apresenta-se como uma autêntica experimentação sobre a dissolução da arquitetura no espaço natural. O programa funcional é reduzido ao mínimo e a casa é desprovida de espaços fechados que não sejam estritamente necessários – os corredores, halls de entrada.
O espaço confinado é reduzido ao máximo, até contemplar apenas os ambientes básicos que são condensados em cinco volumes separados, cada uma essencialmente dedicada a uma única função: uma para a cozinha, outra para o almoço, uma para a sala e o quarto principal e duas para os outros quartos.
O rigor e a lógica da estrutura modernista são confrontados com algumas exceções importantes, como as doze aberturas retangulares na cobertura que interrompem a continuidade permitindo a passagem das árvores que foram abraçadas pelo deck e a entrada de luz direta nos espaços.
A vida acontece dentro dos volumes e no deck de madeira que se torna o tecido conectivo da casa, liberando o movimento entre os espaços. A presença da permeabilidade na cobertura torna esta situação ambiental altamente ambígua, transformando o que, de outra forma, seria um pátio normal em uma espécie de gradiente emocional fundamental que harmoniza a arquitetura com a natureza.
Agentes atmosféricos, como a luz e a chuva, filtrados pela cobertura, criam sombras sugestivas que dialogam com o sombreamento causado pela folhagem das muitas árvores que circundam a casa e cobrem todo o lote até a praia.
Em todo lugar, estando nos espaços da propriedade, vive-se imerso em uma atmosfera suspensa com o sombreado e as folhas que dividem os raios do sol formando uma poética e constante chuva de sombras ao longo do dia.
A casa está imersa na “mancha verde”, como define o estúdio de arquitetura, mas talvez seja melhor dizer que a casa é a mancha verde em si. Nesse sentido, a piscina, que é desviada da estrutura principal e próxima à praia, também passa a fazer parte da casa
Em Trancoso, a casa abandona qualquer referência à máquina da habitação da memória modernista e propõe-se como uma máquina sensorial na qual a natureza, a luz, a sombra e o constante e infinito som do oceano tornam-se os materiais fundamentais do projeto.
O projeto de arquitetura é do studio mk27, composto pelos profissionais Marcio Kogan, Marcio Tanaka, Beatriz Meyer. O interior ficou sob o comando de Diana Radomysler, Pedro Ribeiro e Serge Cajfinger.
Fonte: Nossa Uol