O segundo dia de prova da versão impressa do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2020, feito neste domingo (24/01), teve uma abstenção de 55,3%, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão responsável pela aplicação do exame. Dos mais de 5,5 milhões de inscritos, apenas 2.470.396 compareceram. A abstenção de hoje é um recorde histórico e acompanha a tendência do primeiro dia, realizado no dia 17, quando foram registrados 51,5% de faltantes (relembre aqui)
Antes disso, somente em 2009, quando parte do caderno de provas vazou na gráfica, chegou perto, com abstenção que girou em torno de 40%. O índice costuma oscilar entre 25% e 35%. O primeiro dia teve a redação e questões de linguagens e ciências humanas. Hoje, foi a vez de matemática e ciências da natureza.
Abstenção superior
Segundo o presidente do Inep, Alexandre Lopes, o índice de abstenção de 55,3% neste domingo foi superior ao esperado pela instituição. Ele não informou, contudo, qual era a expectativa. “Foi mais do que a gente estava esperando, mas eu gosto de olhar o copo meio cheio. Então 2,5 milhões de pessoas conseguiram fazer o Enem neste ambiente de pandemia. Outros países não fizeram”, disse em entrevista coletiva. Lopes ainda afirmou que o instituto ainda está avaliando as causas da abstenção, mas que, além da pandemia, o órgão recebeu informações de que professores teriam orientado treineiros a deixar de fazer a prova neste ano. “Vamos apurar se isso foi [uma iniciativa] nacional.”
Contudo, ele mesmo admitiu que o número de treineiros não é tão grande para ter tanta influência nesse número. Segundo o Inep, o índice de abstenção de 55,3% é preliminar. Estão excluídos da conta os alunos do Amazonas, que não fizeram a prova em razão da situação da pandemia de covid-19 no estado. “Os dados definitivos de presentes e ausentes dependem da apuração do consórcio aplicador e serão informados na divulgação dos resultados”, afirmou o presidente do instituto.
Amazonas e 2 cidades de Rondônia farão prova em fevereiro
O Inep reforçou que os estudantes do Amazonas e dos municípios de Espigão d´Oeste e Rolim de Moura, em Rondônia, estão automaticamente inscritos na reaplicação da prova, que será feita em 23 e 24 de fevereiro. O Amazonas foi atingido fortemente por uma segunda onda da pandemia de covid-19 e por uma nova cepa do vírus Sars-Cov-2, de transmissibilidade mais rápida. Nos municípios de Rondônia, houve consenso para a reaplicação do Enem em outra data a pedido de autoridades locais. O Inep, em parceria com os governos, estão “em busca de mais escolas e mais salas de aula para dispersar os alunos” e minimizar a possibilidade de contágio nos dias de prova.
MEC: Abstenção é compreensível, mas injustificável.
Hoje, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que a “abstenção é compreensível, mas não é justificável”. Questionado sobre a afirmação, Lopes não disse apenas que “a decisão (de fazer a prova ou não) é individual”. “Isso para mim não é relevante. O que importa de fato para o Inep é assegurar a oportunidade de quem quer fazer o Enem poder fazer.”
Pedido de reaplicação começa amanhã.
O Inep reforçou que os estudantes que desejarem a reaplicação da prova podem fazer o pedido pelo site da instituição a partir de amanhã (25) ao meio-dia. O sistema estava desativado para processar os pedidos feitos hoje, até as 12h. Na segunda, vai ser reaberto para essas novas solicitações. Cabe pedir reaplicação para quem não fez a prova por superlotação de salas e para alunos que não fizeram o teste por doença infecciosa. Segundo o presidente do Inep, até os registros computados hoje ao meio-dia, 18.210 pessoas deixaram de fazer a prova alegando estarem com doenças infecciosas.
Nem todos conseguirão fazer o Enem novamente. Em Santa Catarina, por exemplo, muita gente perdeu a prova por causa das fortes chuvas que atingiram a capital, deixando várias regiões da cidade intransitáveis. Isso, contudo, não é previsto no regulamento como um dos motivos para aceitar a solicitação de nova prova
Fonte: UOL Notícias