Desde segunda-feira (5), já foram feitos mais de 21 milhões de cadastros para o PIX, o novo sistema de pagamentos criado pelo Banco Central. E já há golpistas tentando aproveitar o enorme e bem-vindo interesse da população pelo PIX para tentar aplicar golpes.
É uma revolução da tecnologia que promete transformar a nossa relação com o sistema bancário. O novo sistema de pagamentos do Banco Central que vai simplificar transferências e pagamentos bancários só começa a funcionar no dia 16 de novembro, mas já tem criminosos usando o interesse dos brasileiros pelo assunto como “isca” para aplicar golpes.
Em um e-mail, os fraudadores usam o nome da Caixa Econômica Federal para oferecer um falso acesso ao cadastro do PIX. No site dos bandidos, o chamariz é um cartão de crédito com limite de quase R$ 3 mil.
Fábio Assolini, especialista em segurança digital e gerente-executivo da Kaspersky, diz que já encontrou 60 sites como esse.
“Um criminoso brasileiro usa o que a gente chama de engenharia social. Ele prepara o golpe de tal forma que ele pareça legítimo, muitas vezes até aos olhos do internauta mais experiente.”
Um golpe tão conhecido que ganhou até apelido em inglês: “phishing” ou, em bom português, “pescaria digital”.
“O phishing é uma estratégia que o fraudador usa de enviar para as pessoas um link ou alguma proposta, uma oferta que seja tentadora para que o cliente clique nesse link e, a partir dali, digite seus dados diretamente em um site. Eles pedem dados como agência, conta corrente, senha, seu token, seu número de cartão de crédito, data de validade. Os bancos jamais fazem isso”, destaca Adriano Volpini, diretor-executivo da Comissão de Prevenção a Fraudes da Febraban.
O Banco Central esclarece que as fraudes detectadas até agora não têm qualquer relação com o PIX, e que o novo sistema de pagamentos é seguro.
“Eles usam o assunto PIX, que está fresco na cabeça das pessoas, para atrair a atenção de consumidores e tentar obter ilegalmente dados financeiros e dados pessoais dessas pessoas. É importante frisar que, no sistema do PIX, gerenciado pelo Banco Central, não há nenhuma tentativa de fraude contra o mesmo. Ele é extremamente seguro. Logicamente que tentativas de fraudes acontecerão. Isso aí acontece em todos os sistemas digitais. Mas o nosso sistema está muito seguro para barrar essas fraudes”, afirma Ângelo Duarte, chefe do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do BC.
Dá para se proteger da ação dos golpistas com atitudes simples: ignore links recebidos por mensagens de texto ou por e-mail; acesse o site ou o aplicativo do seu banco, que você já usa para fazer outras transações, e faça você mesmo o cadastro de sua chave no PIX; veja se um cadeadinho aparece no seu navegador, ele indica que a conexão com o site é segura; não repasse a ninguém nenhum código fornecido por mensagem de texto ou por QR Code; na dúvida, procure os canais de atendimento do seu banco.
Florence Terada, advogada especialista em Direito e Tecnologia da Informação, lembra que a segurança das informações também depende de cada um de nós.
“A gente não pode esquecer que a proteção tem que ser feita, claro, por grandes empresas e pelo poder público, mas também tem uma parte do próprio cidadão, que é não informar os seus dados pessoais, nem em ligações que visam a obtenção das suas informações em futuros golpes”, explica.