Uma solução que requer apenas vontade política e determinação, em vez de milhões, foi o que apontou os debates do 2º ForUNI, realizado ontem, 12/11, no Centro de Cultura de Porto Seguro.
De acordo o palestrante, Fernando Becevelli, mestre em Educação Ambiental e também especialista em Gestão de Resíduos Sólidos para Municípios, infelizmente, os gestores e seus secretariados são escolhidos, na maioria das vezes, por simpatia e apadrinhamento, sacrificando e penalizando as comunidades nas ações e intervenções administrativas. “Não falta dinheiro; não falta tecnologia. O que falta é educação e capacitação ambiental. É preciso envolver a comunidade (professores, garis, agentes de endemias, etc.) e uma boa campanha de mídia. Enfim, o que falta é a decisão do prefeito(a) de querer resolver”, ressaltou o professor Fernando.
“Transformar resíduos em produto,-agregando valor- é o grande desafio. Nem tudo é lixo”, completou Becevelli.
Michelle Araújo, Gerente de Responsabilidade Social e Comunicação da Veracel, e que discorreu sobre “”A coerência como fio condutor para sustentabilidade neste mundo em transição”, destacou que é preciso trespassar três pilares fundamentais, para o desafio da sustentabilidade: o indivíduo, o coletivo e o meio ambiente. “É preciso desenvolver hábitos sustentáveis. As ações como indivíduo, e o diálogo e colaboração em coletividade é que vão determinar o futuro que queremos. A base é as nossas escolhas, que dirão o que queremos experienciar aqui”, pontuou a Gerente da Veracel, Michelle Araújo.
O professor do IFBA, Allison Gonçalves Silva, que abordou a “importância da Energia Renovável para a Natureza e para os Negócios lamentou a concentração dos recursos e pesquisas neste setor, nas regiões sul e sudeste. De forma técnica e didática fez uma breve exposição sobre a matriz energética brasileira, trabalhos científicos realizados por professores do IFBA local e sugeriu o uso do coco, fruta abundante na nossa região, como uma excelente opção de energia renovável. “Coco é vida; 100% da rede hoteleira de Porto Seguro estão atrás de informações para renovar energia”, completou o professor Allison.
Por fim, Jean Peliciari ,fundador da Teoria Verde – Educação Ambiental na Prática, e Coordenador Nacional do Dia Mundial da Limpeza, movimento que mobilizou mais de 1200 cidades no Brasil em 2019, demonstrou que a questão do lixo das cidades brasileiras guardam enormes semelhanças entre si. Com exibições, em vídeos, de trabalhos realizados em Moçambique, país da África e no Pantanal mato-grossense, centro-oeste do país, provou que a forma de contrapor à falta de incentivo às cooperativas, à ausência de educação ambiental e à omissão dos poderes públicos é a mobilização social. Citou as campanhas do “Dia Mundial da Limpeza”; “Semana do Lixo Zero”, e outras diversas realizadas na região do pantanal, como doação de eletrodomésticos, doação de óleo de cozinha, dentre outras, como de grande retorno ambiental e engajamento da população, e exemplos a serem seguidos. “Em um ano do projeto de doação de eletrodomésticos foram doados 52 mil reais para o Hospital do Câncer”, revelou Jean. “Essas campanhas têm que serem vistas não como uma ação de limpeza, mas como uma oportunidade para dar o primeiro passo”, lembrou Peliciari.
“O resíduo não é um problema; as empresas de reciclagem estão ávidas para adquiri-lo”, completou Jean Peliciari.
As palestras foram intercaladas com comentários e perguntas do mediador Luigi Rotunno, interagindo com o público presente, aos palestrantes e convidados, que se revezavam nos esclarecimentos aos questionamentos.
Uma noite memorável que, além de uma abordagem descontraída e franca sobre a sustentabilidade, propiciou conhecimentos e apontou soluções para a constante problemática do lixo.
Parabéns a todos os envolvidos.