A cidade de Porto Seguro, na Costa do Descobrimento, tem enfrentado problemas para vacinar contra a Covid-19 a população indígena aldeada. Por conta de atrasos logísticos a gestão municipal solicitou à Secretaria Estadual de Saúde (SESAB) que as doses fossem, então, remanejadas para outros grupos prioritários da cidade.
Conforme divulgado pelo Bahia Notícias nesta sexta-feira (12), Porto Seguro é uma das cidades que não está conseguindo vacinar com celeridade nas aldeias. O coordenador distrital de saúde indígena, Adilton Assunção, disse que o atraso na aplicação das 3.600 doses destinadas ao município tem se dado por conta da logística necessária para se chegar até esses grupos. “Existem aldeias que ficam a 400 km da sede, a equipe da Sesai sai às 8h da manhã com equipes da Polícia Militar e, às vezes, chega na aldeia às 13h, mas tem que voltar até as 16h, não por conta da nossa equipe, mas por conta da escala de trabalho dos policiais, então o tempo de vacinação é muito curto”, explicou.
De acordo com a SESAB, até o final da tarde de ontem, 1.900 indígenas haviam sido vacinados em Porto Seguro. Conforme informou a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde do município, a região conta com uma população de aproximadamente nove mil indígenas. No entanto, como existe a dificuldade de fazer com que essas vacinas cheguem até as aldeias, um ofício foi encaminhado à SESAB no último dia cinco solicitando o remanejamento das doses.
A gestão municipal alega que, apesar de ter recebido do Ministério da Saúde 4.900 doses da vacina Coronavac e 850 da Oxford AstraZeneca, além de outras 270 doses específicas para idosos acima de 90 anos, 3.600 doses da Coronavac foram destinadas apenas para os indígenas aldeados, cuja vacinação fica sob responsabilidade exclusiva da Secretaria Especial de Saúde Indígena (DSEI/BAHIA – SESAI).
Neste sentido, a prefeitura pontuou que para o município teve à disposição da sede apenas 1.300 doses da Coronavac e 1.120 do imunizante de Oxford, totalizando 2.420 vacinas.
No ofício, enviado no último dia 5 de fevereiro, a gestão pontua ainda que já disponibilizou mais de 80% das doses de responsabilidade do município. “A este respeito, cabe salientar que a Sesab (Secretaria de Saúde da Bahia), já foi alertada, pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Seguro, através das reuniões virtuais que estão sendo realizadas, que em nosso município, além da grande extensão territorial, existem importantes barreiras geográficas, dificultando a vacinação maciça da população indígena, em curto tempo”, diz o documento.
Com base nestas justificativas, a prefeitura pede à SESAB “autorização para utilizar, na vacinação realizada na sede do município, até 50% das doses inicialmente destinadas aos indígenas, e não necessitaremos interromper a imunização de nosso povo”. A reportagem do Bahia Notícias solicitou entrevista com representantes da SMS de Porto Seguro, mas até o momento não teve resposta.
Ao Bahia Notícias, a SESAB disse que tem ciência do ofício e do fato, mas que a decisão será deliberada pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), instância que reúne representantes das secretarias municipais de saúde e da própria pasta. No entanto, a secretaria não respondeu quando a decisão será tomada.
Fonte: Bahia Notícias