O número de novos casos de Covid-19 no Brasil na semana encerrada neste sábado (12) teve alta de 134% em relação aos sete dias anteriores, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Entre os dias 6 e 12 de novembro, o país registrou 61.564 infecções pelo coronavírus. No período anterior, de 30 de outubro até o dia 5 deste mês, foram contabilizadas 26.304 contaminações.
Na comparação entre os dois períodos, o número de mortes provocadas pela Covid-19 também subiu, mas em um ritmo menor. Foram 312 óbitos na semana encerrada neste sábado, ante 251 do período anterior. O aumento foi de 24,3%.
Desde o início da pandemia, em fevereiro de 2020, o Brasil já registrou 34.911.937 casos e 688.654 mortes ligadas à Covid-19.
Aumento era esperado, diz infectologista
Em entrevista à CNN neste sábado, o médico Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirmou que era esperado um aumento no número de casos de Covid-19 no Brasil, principalmente por causa da circulação no país da subvariante BQ.1 do coronavírus.
“O SARS-CoV-2 continua circulando entre nós já há praticamente três anos. E, vez por outra, ele acumula mutações, o que é perfeitamente normal na evolução dos vírus. É exatamente esse ponto que estamos vivendo agora. Uma subvariante da Ômicron está circulando em diversos estados brasileiros, e essa variante tem por característica maior transmissibilidade”, diz Barbosa.
O especialista pondera, porém, que essa subvariante “não tem uma maior patogenicidade”. “Não é um vírus mais mortal, que vai levar pessoas a um maior número de hospitalização, mas é um importante alerta para as populações mais vulneráveis”, explica. Entre esses grupos estão idosos e imunossuprimidos, além das pessoas que não completaram o esquema vacinal contra a Covid.
Importância da vacinação
O vice-presidente da SBI reforçou o alerta para a necessidade de todos tomarem as duas doses e os reforços da vacina contra a Covid-19. Nesta semana, o Ministério da Saúde informou que cerca de 69 milhões de pessoas não tomaram sequer a primeira dose de reforço.
Na opinião de Barbosa, os brasileiros diminuíram o interesse pela vacina em razão de uma “falsa percepção” da diminuição do risco da doença. “Como estávamos tendo uma queda sustentada de novos casos e hospitalização, principalmente durante o segundo semestre, as pessoas se sentem menos em perigo e acabam procurando menos completar o esquema vacinal. Neste sentido a gente alerta que a Covid está voltando.”
O infectologista também destacou a necessidade de o Brasil iniciar a aplicação das vacinas chamadas de bivalentes ou de segunda geração, que protegem não somente contra o coronavírus original, mas também contra suas variantes, como a Ômicron. “Já colocamos isso no nosso alerta, de que é necessário que a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], o quanto antes, avalie a aprovação e que o SUS [Sistema Único de Saúde] disponibilize essa versão que é muito mais efetiva, principalmente para essas populações mais vulneráveis.”
Uso de medidas protetivas
Barbosa orienta que, diante dos aumentos dos casos, os idosos e imunossuprimidos voltem a usar máscaras “em ambientes em que haja aglomeração e que não seja possível o distanciamento social”.
“A depender do avançar dessa distribuição da subvariante BQ.1, se o número de casos ficar muito alto, os governos estaduais vão ter que rever a questão de uso de máscara, por exemplo, em transporte público e em serviços em que haja grande aglomeração de pessoas”, considera.
Registro da subvariante BQ.1 nos estados
Segundo levantamento da CNN, oito estados brasileiros mais o Distrito Federal já registram casos de contaminação pela subvariante BQ.1.
Além do DF, a subvariante foi encontrada nos seguintes estados: São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Amazonas, Santa Catarina, Ceará e Pernambuco. Três estados não responderam: Piauí, Acre e Rondônia.
Fonte: CNN