Editorial
Não se engane caro (e) leitor, com a política orquestrada pela atual gestão como forma de manipulação da massa eleitoral do município. É preciso abrir olhos com vontade para enxergar as nuances que sua equipe administrativa e de marketing desenvolvem, no sentido de assegurar com migalhas entidades e serviços essenciais, sem que com isso, possam realmente desabafar sobre sua total inoperância. Além disso, culpa você pelos próprios problemas que não é capaz de solucionar. Eu explico:
Não é de hoje que a Prefeitura vem sucateando diversas entidades e serviços, deixando o mínimo para que sobrevivam. Dessa forma, mantem de boca fechada todos que um dia possam ousar dizer algo desfavorável ao grupo político que administra Porto Seguro.
No jornalismo, dizemos “off”, quando uma pessoa lhe conta a verdade sobre determinada situação, mas lhe pede para que não seja divulgada. Normalmente, com medo de represálias. Para o jornalista é uma sinuca de bico, pois fica aguçada a vontade de expor o assunto, entretanto, não se pode correr o risco de perder a confiança de uma fonte para o resto da vida.
Então, em “on”, lhe conto que não foi uma ou duas pessoas (presidentes de associações, creches ou funcionários municipais), que me disseram coisas do tipo: “Estamos no limite para funcionar, não posso reclamar, caso contrário, a Prefeitura retira o pouco que nos permite continuar operando”.
Vivem de migalhas, que vão de cestas básicas a funcionários cedidos pela prefeitura. Pessoas sérias, trabalhadoras, que dedicam sua vida a ajudar pessoas carentes. Todas censuradas.
Há tempos se pode observar essa política retrógada, muito desempenhada na época pela gestão de Jânio Natal, e muito bem aprendida pelos Oliveiras, invertendo às bolas de tudo que se possa imaginar. Venho participando de reuniões de associações de bairro, e fico estarrecido com o poder de persuasão da prefeita Cláudia Oliveira e do então interino Humberto Nascimento. Os presidentes de associações se reúnem para reclamarem de inúmeros problemas de seus bairros e voltam com a convicção de que somos nós, cidadãos, que não cooperamos para que a Prefeitura faça o seu trabalho.
Concordo que o tal do “jeitinho brasileiro” é algo que deve ser extirpado, mas dizer que isso tudo é a culpa nossa, tem uma grande diferença. Que poder é esse de convencimento que eles querem nos aprisionar? Você sabe o porquê do brasileiro furar a fila num banco? Porque os banqueiros não tem interesse em respeitar o tempo estabelecido por lei para que o cidadão seja atendido. Geraria custos. Então, o cidadão que conhece o gerente e não pode perder o seu horário de almoço no banco, faz a malandragem que nos torna o brasileiro do jeitinho. Na Noruega, ninguém corta fila, porque além da educação evoluída de séculos dos quais não temos, não existe a necessidade disso, uma vez que ninguém fica mais de 20 minutos numa fila.
E é isso que a Prefeitura vem permeando em suas campanhas e em seu discurso: você está reclamando que eu não faço o calçamento de seu bairro, mas se você vigiasse o vizinho que joga entulhos em terrenos baldios, a prefeitura não gastaria tanto, realizando a retirada dessa sujeira. A culpa é sua por não fiscalizar e denunciar esses infratores. Uma coisa não justifica a outra. Jânio era mestre nisso e Cláudia absorveu bem essa tática de transferir o problema para as costas do povo.
O Centro de Zoonoses, que nem o secretário de comunicação conhecia, que funciona um pouco antes do Posto da Polícia Rodoviária, já estive lá, mas não consigo entrar para saber as reais condições do local. Já tentei, por meio da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde e nada. A Veracel, praticamente, construiu sozinha um novo Centro de Zoonoses, que ainda não foi inaugurado. As associações de proteção animal, cansados de esperar da Prefeitura, fazem das tripas coração para conseguir arrecadar dinheiro para financiar a castração dos animais.
E em todos os cantos que você observar, em qualquer setor que seja, nada está funcionando direito no município, mas as campanhas da Prefeitura são sempre no sentido de conscientização popular. E antes que um chato desses, diga que ela está certa, procure enxergar a máquina administrativa como um todo, pois encontrará o que está por trás dessas campanhas.
Então, fica a dica: se sair de casa para passear com seu cachorro, leve sua sacolinha.