Bolsonaro reúne embaixadores, levanta dúvidas sobre as urnas eletrônicas e reitera discurso de derrotado
O presidente Jair Bolsonaro reuniu-se nesta segunda-feira (18/07) no Palácio do Planalto, com embaixadores de 40 países e, usando relatórios inconclusivos de eleições anteriores, já esclarecidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e pela própria Polícia Federal, voltou a condenar o processo eleitoral brasileiro, demonstrando ingenuidade infantil ou robusta má-fé pra se justificar de um possível resultado adverso no pleito de outubro de 2022.
Tamanha foi a perplexidade do mundo político, até mesmo de seus parceiros de campanha, com o propósito do presidente, que as reações vieram em série, altivas, contrárias e imediatas ao que todos atribuem à síndrome de Trump, pela semelhança do enredo, cujos resultados desastrosos ainda se encontram em andamento.
” Ao chamar diplomatas estrangeiros ao Planalto para ouvirem ataques infundados ao sistema eleitoral brasileiro, presidente tentou desviar foco da opinião pública das denúncias de abuso na Caixa e do assassinato de petista por um bolsonarista. Mas, para assessores, trocou ‘escândalos’ por ‘aberração’ no momento em que poderia colher frutos da ampliação de benefícios sociais”, disse em seu blog a jornalista Andréia Sadi.
A ideia do encontro – realizado na segunda-feira (18;07) no Palácio do Planalto com direito a erro de grafia na apresentação – foi do próprio presidente.
A exoneração do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, figura recorrente ao lado de Bolsonaro, afastado por denúncias de abuso moral e sexual, e o assassinato de um tesoureiro do PT por um apoiador do presidente da República- que já falou em “fuzilar a petralhada”, somados ao grave momento econômico vivido pelo país, exigiram do Palácio do Planalto uma nova pauta, um discurso que desviasse o foco dessas verdades incômodas, mas trocou os escândalos pelo que foi descrito como “aberração”.
E, ao fazê-lo, o presidente ignorou os apelos do Centrão – que comanda a ala política do governo e a campanha à reeleição – para evitar maior radicalização.
Bolsonaro disse a interlocutores que queria reagir à reunião em que o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, afirmou a embaixadores que a comunidade internacional deveria estar “alerta” a “acusações levianas” contra o sistema eleitoral.
O grupo avalia que o evento – para o qual o Bolsonaro contou com o apoio de militares como o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa, e Braga Netto, assessor especial da Presidência – “implodiu pontes com o comando do Tribunal Superior Eleitoral” justamente no momento em que tentava uma reaproximação com Alexandre de Moraes, que vai presidir a Corte nas eleições.
Após a reunião, Fachin, reafirmou a segurança do sistema eleitoral brasileiro e criticou – sem citar Bolsonaro – o que chamou de ‘teia de rumores descabidos e populismo autoritário’.
A iniciativa foi considerada, ainda, completamente intempestiva, pois foi realizada no momento em que o governo se preparava para colher os frutos da ampliação de benefícios sociais às vésperas da eleição autorizada pela chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Kamikaze.
A expectativa é que esses benefícios possam tirar Bolsonaro das cordas na corrida eleitoral – o último Datafolha, divulgado em 23 de junho, colocou Lula com 47% das intenções de voto no primeiro turno, ante 28% do presidente. Nos votos válidos, Lula teria 53% contra 32% de Bolsonaro, o que o garantiria vitória do petista no primeiro turno.
Por Informações: Blog da Andréia Sadi