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Morre a cantora Gal Costa, ícone da Música Popular Brasileira aos 77 anos

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A cantora Gal Costa, um dos maiores nomes da música popular brasileira, morreu nesta quarta-feira (9/11), aos 77 anos.

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista à CNN. A causa da morte não foi informada.

Gal Costa faria apresentação no festival Primavera Sound, em São Paulo, no último fim de semana. A participação foi cancelada às vésperas do evento.

Gal Costa é considerada uma das principais referências vocais femininas de sua geração e influência para cantoras posteriores. Com postura irreverente e desafiadora, sua trajetória é marcada por reinvenções, rupturas e a particular junção do grito do rock ao canto popular.

História de Gal Costa

Maria da Graça Costa Penna Burgos, a Gal nasceu em 26 de setembro de 1945, em Salvador, na Bahia e começou a cantar na adolescência em festas escolares e trabalha em uma loja de discos, onde conheceu a bossa nova.

Em 1964 ela se junta aos artistas cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Maria Bethânia em “Nós, Por Exemplo”, show de inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador. No mesmo ano, ainda como Maria da Graça, gravou um disco com as faixas “Eu Vim da Bahia” e “Sim, Foi Você”.

De acordo com a Enciclopédia da Música Brasileira, projeto do Itaú Cultural, depois de 1967 ela gravou duas músicas do álbum “Tropicália” ou “Panis et Circencis”, de Caetano.

A capacidade de se reinventar foi uma característica marcante da cantora e sua carreira foi marcada por mudanças. A primeira delas acontece em 1968: com colar de espelhos, penteado black power e o canto agudo e provocador, Gal defende a canção “Divino Maravilhoso” no 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record e fica em terceiro lugar.

Em 1969, lançou dois álbuns, “Gal Costa” e “Gal”, com canções de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, ícones da jovem guarda. Na voz da cantora, as composições de apelo pop ganham interpretação enérgica.

Gal com Gil, Betânia e Caetano, no show do quarteto que percorreu o Brasil e o mundo como “Os Doces Bárbaros”

Ao longo do exílio de Caetano e Gil, iGal torna-se representante do tropicalismo. Em 1970, a cantora vai para Londres para visitar os dois músicos e, de volta ao Brasil, lança “LeGal”.

O disco ao vivo “Fa-tal – Gal a Todo Vapor”, de 1971, traz músicas de Luiz Melodia (1951-2017), Roberto Carlos e Erasmo Carlos.

Também tocando na questão política, a capa do álbum “Índia” traz um close da virilha da cantora, vestida com um biquíni e, na contracapa, ela aparece de seios nus. O LP foi vendido nas lojas dentro de um plástico escuro por causa da censura.

Com o disco “Cantar”, Gal se reaproxima da MPB e muda a postura vocal, amenizando a agressividade e priorizando a voz límpida, um retorno à referência de João Gilberto.

Em 1975, Gal, Gil, Caetano e Bethânia se reúnem para o espetáculo “Os Doces Bárbaros”, que dá origem ao disco homônimo. No mesmo ano, interpreta “Modinha para Gabriela”, do compositor Dorival Caymmi (1914-2008) e tema de abertura da adaptação do romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado (1912-2001). Menos experimentais, Gal Canta Caymmi (1975) e os dois álbuns seguintes, Caras e Bocas (1977) e Água Viva (1978), são sucessos de público.

No disco Gal Tropical (1979), a voz da cantora é entoada por timbre claro, definido e tessitura aguda. Em 1980, revisita a obra do compositor Ary Barroso (1903-1964) com o álbum Aquarela do Brasil. Com Fantasia (1981), alcança sucesso nas rádios com a faixa “Festa no Interior”, de Moraes Moreira (1947- 2020) e Abel Silva (1945).

Em 1988, recebe o Prêmio Sharp de melhor cantora. Na década de 1990, retoma a parceria com Salomão no disco Plural (1990), e em 1993, lança O Sorriso do Gato de Alice, com show dirigido por Gerald Thomas (1954). Homenageia o trabalho de Caetano e Chico Buarque (1944) com Mina D’água do Meu Canto (1995), e o de Tom Jobim (1927-1994), em disco lançado em 1999.

No álbum Recanto (2011), Gal se reinventa novamente. Composto e produzido por Caetano, o repertório dialoga com a música eletrônica e o funk carioca. A faixa “Neguinho”, composta por Zeca Veloso (1992) e impulsionada por timbres digitais, é o oposto de tudo o que Gal faz nas décadas anteriores. A turnê do disco mostra ao público uma sutil transformação de timbre, que mantém os agudos do início da carreira e ganha um grave até então desconhecido em sua voz.

Fonte: CNN

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