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Destruição da Mata Atlântica às margens da BR-367 em Porto Seguro é questionada por especialistas

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A notícia veiculada aqui no Jojô Notícias (leia aqui), sobre a destruição de Mata Atlântica, no seio da cidade, para implantação de um “Atacadão” no local, despertou a atenção e interesse de estudiosos e especialistas no assunto.

Mesmo sendo oferecido espaço aos responsáveis pelo empreendimento e à Secretaria do Meio-Ambiente do município para se manifestarem, aqui, neste veículo, o silêncio foi a opção de ambos. Em sentido contrário, autoridades e estudiosos do assunto, quando solicitados pela nossa reportagem, se prontificaram em expressarem suas opiniões, às quais destacaremos neste texto.

Imagem da mata já sendo destruída

É oportuno lembrar que, de acordo informações, o Atacadão a ser instalado no referido local pertence à rede Carrefour, varejista multinacional francesa, situada em Boulogne Billancourt na França, cujo governo defende, com rigor, os preceitos e tratados internacionais que versam sobre a defesa e proteção do meio-ambiente, tendo, inclusive, recentemente, questionado o acordo celebrado entre o Mercosul e a União Européia, justamente por considerar que os países da América do Sul, especialmente o Brasil, negligenciam a preservação dos biomas em seus países.

O biólogo, Doutor em Botânica e professor de botânica da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Pof. Dr. Jorge Antonio Silva Costa apresentou à nossa reportagem um estudo intitulado: “Fragmentos Florestais e sua importância em Zona Urbana, de sua autoria, onde retrata de forma científica, técnica e criteriosa os impactos advindos dessas medidas açoitadas e, muitas vezes, impensadas.

“É importante dizer que a destruição dos locais de vida ou ecossistemas naturais é a principal causa da diminuição da biodiversidade no mundo e a Mata Atlântica é um exemplo extremo, onde um fragmento, mesmo muito pequeno e isolado, pode ser o único lugar propício para a existência de uma determinada espécie”, explica o professor. Ou seja: o argumento de alguns incautos de que a área é pequena, não se justifica. E continua o Professor Dr. Jorge: “Quando falamos em biodiversidade, o que está em jogo não é só o número de espécies de uma determinada área, mas também a constituição genética dessas espécies, o poder farmacológico e tecnológico que muitas dessas espécies apresentam, os processos ecológicos dos quais participam como a interação com os pássaros, as formigas, os vírus ou as abelhas. A polinização que é um processo que garante a sobrevivência das plantas depende diretamente da relação das flores com muitos animais da mata, principalmente abelhas. Muitas doenças causadas por vírus que passam a ser epidemias em zonas urbanas, poderiam estar antes convivendo em equilíbrio com os animais e as plantas da floresta. Tudo isso representa a biodiversidade e perder essa porção de vida representada pelos ecossistemas naturais pode significar a perda de serviços ecossistêmicos que sequer nos damos conta que estão sendo prestados por essa biodiversidade, como a fabricação do oxigênio que respiramos, a diminuição do calor ou da radiação solar, a produção de água limpa e até de chuvas locais, bem como a sustentação do solo, barrancos entre outros serviços fornecidos gratuitamente pela natureza. A perda desses serviços nos leva depois a enfrentar catástrofes com mortes ou a gastar milhões em recuperação de infraestrutura nas zonas de uso das populações humanas”.

No estudo o professos afirma ainda que a Mata Atlântica sofre muita pressão de destruição causada pela ocupação humana das áreas litorâneas devido a urbanização e que, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, restam cerca de 29% da cobertura original deste bioma. Para piorar esse panorama, a maior porção da cobertura vegetal existente está em fragmentos menores que 100ha e pouco ou nada se conhece da biodiversidade existente nesses fragmentos menores.

Sem dúvida, o estudo traduz e se encaixa perfeitamente no cenário da destruição da Mata Atlântica à qual estamos nos referindo.

Finalizando, reproduziremos aqui o pensamento do professor Jorge sobre o caso específico do Atacadão:

“No caso específico da disponibilização de uma área de mata nativa para a construção em Porto Seguro, é preciso se ter um estudo técnico rigoroso que investigue o impacto causado pela obra. O ideal seria que outra área fosse utilizada para o novo empreendimento. Preferencialmente, uma área já comercial ou muito degradada. Mas, se isso não for possível, o melhor é que medidas mitigadoras sejam adotadas, tais como a compensação ambiental no mesmo grau do impacto a ser gerado pelo empreendimento, devendo ser acordada ou executada antecipadamente, conforme previsto pela legislação ambiental nestes casos”

O Jojô Notícias reitera que o espaço permanece aberto para que os responsáveis pelo empreendimento e as autoridades ambientais do município se manifestem..

  1. Claudio melo Diz

    Bom dia vejo essa notícia com um parecer vindo de uma pessoa que não sabe nada da real situação da nossa cidade essa obra realmente fez um desmatamento pra se criar fonte de renda e cesta básica com menor valor pra classe baixa,. aí aparece algums dizendo que vai acabar com a mata Atlântica e com o pobre ninguém se preocupar.

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