Na sexta-feira (14/11), a Câmara Municipal de Itabela, no extremo sul da Bahia, formalizou a cassação do mandato do vereador Lucas de Souza Lemos (União Brasil). A medida foi oficializada por meio do Decreto Legislativo nº 04/2025, em cumprimento a uma decisão da Vara Crime, Júri, Infância e Juventude da Comarca de Itabela.
O que motivou a cassação
Prisão em flagrante
No dia 11 de novembro de 2025, o vereador Lucas Lemos foi preso em flagrante durante uma operação conjunta da Polícia Civil e Militar. Na ação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em um imóvel ligado a uma facção criminosa conhecida como Bonde do Maluco (BDM).
As autoridades apreenderam no local:
– Um revólver calibre .38;
– Munições de calibres .38 e 9 mm;
– Um tablete de cocaína com peso de aproximadamente 255 gramas;
– 18 pinos da droga (24 gramas).
Segundo a polícia, o local onde o vereador foi encontrado funcionava como abrigo para a facção, e haveria indícios de associação criminosa.

Confronto e desdobramentos
Na mesma operação, um dos alvos identificados pela polícia, Patrick André de Oliveira Tito, reagiu à abordagem e entrou em confronto com os agentes. Ele foi baleado e, posteriormente, levado para uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos.
Além disso, a investigação identificou que a companheira de Patrick, Claudionice Silveira Rocha, de 26 anos, estava junto com o vereador no imóvel. Ela também foi detida.
Relação com a facção
De acordo com fontes policiais, Lucas Lemos já era investigado por outras possíveis irregularidades antes da prisão, embora neste momento ele tenha sido autuado por tráfico de drogas e associação ao tráfico.
A Operação Desarticula, deflagrada no dia seguinte (12/11), reforçou a gravidade do caso: foram presos mais seis integrantes da facção, apreendidas armas (fuzis, pistolas, revólveres), drogas e veículos, em um cerco policial que teve troca de tiros.
Consequências institucionais
Com a cassação, o exercício do mandato parlamentar de Lucas Lemos está suspenso, incluindo todos os direitos, deveres e prerrogativas do cargo, bem como o pagamento de subsídios — salvo eventual determinação judicial em sentido contrário.
Também foram afastados dois assessores do gabinete do vereador, pelo mesmo período da cassação, para preservar a integridade das investigações e evitar interferências.
A Câmara informou que o primeiro suplente, Luan de Martins (União Brasil), poderá ser convocado para assumir o mandato, caso o titular permaneça impedido por 60 dias — conforme previsto na Lei Orgânica do município.
A presidente da Câmara, Simone Sossai, declarou que a Casa está cumprindo rigorosamente a decisão judicial e que continuará colaborando com as investigações, reafirmando o compromisso com a transparência, legalidade e interesse público.
Repercussão política
A prisão e a cassação de um vereador causaram forte repercussão local e regional. Para muitos, o episódio evidencia a preocupação crescente com a infiltração de facções no poder público em cidades do interior. A operação policial e o afastamento de Lucas Lemos também geraram discussões sobre a relação entre a política local e organizações criminosas.
Por outro lado, a Câmara de Itabela tem buscado demonstrar que age com responsabilidade institucional. A medida de afastar não só o vereador, mas também seus assessores, reforça o esforço para garantir que a investigação corra sem interferências políticas.