EUA fracassam e, após 20 anos, “Talibã” assume o poder no Afeganistão
Os guerrilheiros fundamentalistas da seita Talibã assumiram, na manhã de domingo, o controle do Afeganistão
A tomada do Afeganistão pelos Talibãs foi consolidada nesta segunda-feira (16). Líderes do grupo radical Islâmico disseram que não houve resistência no país nas últimas horas e apontam para uma situação pacífica, um dia após invadirem a capital Cabul. Enquanto isso, uma multidão toma estradas e aeroportos para fugir da nova era Talibã. Mas as partidas de vôo estão destinadas a retirar apenas pessoal diplomático e civis estrangeiros ou afegãos que trabalharam para órgãos internacionais. O Comitê de Segurança da ONU reuniu-se nesta segunda-feira (16) para avaliar a situação do país.
Em setembro de 2001, após o atentado às torres gêmeas nos EUA, pelo grupo de Osama Bin Laden, o governo americano ordenou a invasão do Afeganistão para que fosse capturado o próprio Osama e as Lideranças da Al-Qaeda, escondidos nas cavernas do país, responsável pelos ataques em solo americano. Foram quatro anos de caçada para encontrá-los e matá-los. Mesmo após a morte, os americanos mantiveram a ocupação com a promessa de reconstruir o país e estabelecer uma democracia que rivalizasse com as atrocidades e fanatismo dos guerrilheiros mujahideem do Talibã.
A tentativa foi um fiasco. Até uma eleição aconteceu para a presidência da República, mas a corrupção desenfreada frustrou os ideais democráticos. O governo russo que também já ocupou o país, afirmou que o presidente afegão, Ashraf Ghani desistiu da luta com os talibãs e fugiu num helicóptero recheado de dinheiro.
De acordo o presidente americano Joe Biden, foram gastos cerca de um trilhão de dólares, durante esses 20 anos de ocupação, no esforço de se reconstruir a nação, mas que não iria mais sacrificar soldados americanos numa guerra que nem os afegãos querem lutar.
Portanto, o desenho é sombrio; as imagens de repressão às mulheres e crianças voltarão a ser destaques no noticiário internacional. O grupo Talibã, cujas lideranças são desconhecidas, promete que mudou; que as mulheres poderão trabalhar e circularem livremente; as meninas poderão estudar, enfim, o governo será diferente.
O difícil é acreditar num poder sem lastro político e econômico, dirigido por centenas de tribos, cuja maior e única fonte de renda é a taxação irregular das produções legais e irregulares de ópio e mineração.