Governo da Bahia encerra contrato com IGH para gestão do HRDLEM em Porto Seguro após denúncias e crise crônica
O Governo do Estado da Bahia anunciou nesta terça-feira (30/09) que encerrará o contrato com o Instituto de Gestão e Humanização (IGH), responsável até então pela administração do Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães (HRDLEM). A medida surge em meio a uma crise contínua na unidade, com relatórios de superlotação, atrasos em cirurgias e denúncias de deficiências operacionais e administrativas.
Matéria do Bahia Notícias informa que a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) justificou a rescisão contratual ao observar que o IGH vinha apresentando dificuldade em manter a capacidade operacional diante da alta demanda, com falta de insumos, medicamentos, atrasos em procedimentos e superlotação frequente na emergência.
De acordo informações, o IGH permanece na gestão até 31 de outubro e passará a gestão à Organização Social Setes a partir de 1º de novembro. O processo de transição deverá durar o mês de outubro, com apoio técnico do Estado.
Nas reportagens do Jojô Notícias, há forte ênfase no descaso do Estado com a saúde regional, especialmente no colapso obstétrico anunciado para 1º de outubro, em razão da escassez de médicos obstetras e da ausência de coordenação clínica e equipe adequada.
Em outra matéria, o site destaca que o governo estadual chegou a instituir uma comissão de mediação para intervir no HRDLEM, diante das denúncias persistentes de atrasos, falta de insumos e colapsos logísticos.
Principais denúncias e momentos críticos
O Jojô Notícias afirma que, embora Porto Seguro e municípios vizinhos repassem milhões por ano ao Estado para manutenção do hospital regional, há relatos de salários atrasados de dois a três meses, falta de medicamentos básicos, alimentação insuficiente ou de baixa qualidade para pacientes, superlotação de corredores e falhas graves nos fluxos de atendimento.
Um ponto crítico foi o alerta do diretor técnico do hospital, Dr. Rodrigo Carvalho Nunes Oliveira, que comunicou que, devido à insuficiência de obstetras (somente sete para uma escala que exigiria dois por plantão) e à falta de coordenação clínica, o serviço obstétrico de referência de alto risco poderia ser interrompido a partir de 1º de outubro.
O IGH, por sua vez, negou falta de insumos em nota citada por Bahia Notícias, afirmando que seus estoques estariam mantidos e que o problema real seria a dificuldade de compor a escala obstétrica e a necessidade constante de ajustes operacionais.
A transição e a nova gestora
A Secretaria de Saúde da Bahia designou o Instituto Setes — que havia ficado em segundo lugar no último processo seletivo — para assumir a gestão do hospital a partir de 1º de novembro.
O período entre 1 e 31 de outubro será uma fase de transição, sob supervisão de comissão técnica, para que a troca de gestão ocorra com mínima descontinuidade no atendimento.
O Estado afirma que pretende estabilizar o funcionamento, reorganizar fluxos internos e garantir a regularização do fornecimento de insumos.
A Sesab também ponderou que aproximadamente 52 % dos pacientes atendidos nos serviços de emergência tinham perfil passível de atendimento via Atenção Primária nos municípios, sugerindo que a demanda da rede maior vinha tensionando a unidade regional.
Papel da administração municipal e ações do prefeito Jânio Natal
As reportagens do Jojô Notícias destacam:
A Prefeitura de Porto Seguro, sob a gestão do prefeito Jânio Natal, buscou minimizar os impactos do colapso estadual, estruturando o Hospital Municipal do Arraial d’Ajuda e intensificando mutirões de saúde para consultas, exames e procedimentos não atendidos no HRDLEM.
Essas iniciativas municipais serviram de paliativo para reduzir o efeito da crise regional e amenizar a sobrecarga nos demais serviços públicos de saúde do município.
A Câmara de Vereadores local também intensificou cobranças públicas e investigações parlamentares, pressionando para transparência e responsabilização das falhas observadas no hospital.
Lacunas, riscos e desafios
Mesmo com a mudança de gestão já decidida, permanecem desafios expressivos:
- Garantir a continuidade dos serviços, especialmente o atendimento obstétrico de risco, sem provocar desassistência.
- Quitação de débitos e compensações a fornecedores, servidores e prestadores, caso existam pendências do IGH.
- Recuperação da credibilidade institucional entre profissionais de saúde e usuários que já vinham insatisfeitos.
- Monitoramento rigoroso da nova gestão, para evitar repetição das falhas que motivaram a crise.
- Integração com municípios vizinhos, para que parte da demanda – identificada como passível de atenção primária – não continue onerando indevidamente o hospital regional.