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Sonhos que resistem: idosas na Bahia retomam os estudos e fazem Enem em busca dos cursos de enfermagem e medicina

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Desde os 18 anos, Maria Augusta Pereira da Silva, de 74 anos, tinha um sonho: ser enfermeira. Naquela época, o sonho precisou ser colocado em modo de espera.

A baiana casou, teve filhos e precisou trabalhar para pagar as contas de casa. Mais de 50 anos depois, o sonho foi retomado e, neste domingo (5/11), ela se preparou para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Salvador, pela primeira vez.

Assim como muitos soteropolitanos, Maria Augusta saiu de casa cedo e esperou a abertura dos portões do Colégio Estadual Luiz Viana para o primeiro dia de prova. Depois de 56 anos de espera, se atrasar, definitivamente, não era uma possibilidade.

“Retomei os estudos há uns seis anos e neste ano vou receber o diploma. Meu maior sonho é ser enfermeira, sou apaixonada pela profissão” , contou.

Maria Augusta Pereira, de 74 anos, moradora de Salvador, faz o Enem primeira vez em 2023 e quer cursar enfermagem — Foto: Malu Vieira/g1

Maria Augusta já havia buscado o ingresso no curso superior, mas precisava finalizar os estudos nos ensinos fundamental e médio. Além disso, o valor que recebia trabalhando em um armarinho no centro de Salvador não era suficiente para que ela persistisse no sonho, naquele momento.

Somente neste momento da vida, aos 74 anos, ela conseguiu concluir a formação escolar e vai em busca do curso de enfermagem. Ela conta que ao longo dos anos se realizou de outra forma. Viu a neta, hoje com 22 anos, se formar como enfermeira.

“Minha neta é a minha maior incentivadora. Foi ela quem me inscreveu no Enem”, contou.

A história de Maria Augusta não é a única. Segundo o Inep, realizador do Enem, são 9.475 pessoas de 60 anos ou mais que vão fazer a prova em todo o Brasil. Entre elas está Vera Lúcia Gomes, de 64 anos, que também tenta uma vaga na área da saúde, só que em medicina.

Vera Lúcia Gomes, de 64 anos, faz a prova do Enem em Salvador pela segunda vez e sonha em ser médica — Foto: Malu Vieira/g1

“Eu não poderia ficar velhinha pensando: ‘e se eu tivesse tentado? Será que eu conseguiria'”, desabafou.

Essa é a segunda vez que a idosa faz as provas do Enem. Depois da experiência em 2022, ela se sente mais confiante.

Assim como Maria Augusta, Vera teve incentivadores. Os sobrinhos, já graduados em administração, engenharia e direito fizeram coro para a tia tentar a prova mais uma vez este ano.

Fonte: G1

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