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Rio tem a operação mais letal da história: 64 mortos, 82 presos e cenas de guerra nas ruas

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O Rio de Janeiro viveu, nesta terça-feira (28/10), um dos dias mais violentos de sua história recente. A megaoperação contra o tráfico de drogas, deflagrada por forças estaduais com o apoio do MP estadual, deixou 64 mortos, 82 presos e resultou na apreensão de 71 fuzis, em uma ação que o próprio governo fluminense classifica como a maior já realizada no Estado.

As consequências da operação foram imediatas e devastadoras para a rotina da cidade. Universidades e escolas suspenderam as aulas, mais de 120 linhas de ônibus tiveram trajetos alterados e o município entrou em “Estágio 2”, nível que indica risco elevado de instabilidade e impacto na mobilidade urbana. Em diversos pontos, traficantes do Comando Vermelho ergueram barricadas e incendiaram veículos, bloqueando vias estratégicas como a Linha Amarela, Avenida Brasil, Linha Vermelha, Via Expressa e até acessos ao Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão).

A operação, que envolveu mais de 2,5 mil agentes, foi marcada por cenas de guerra — helicópteros sobrevoando áreas densamente povoadas, tiroteios prolongados e moradores aterrorizados. Entre as vítimas fatais, quatro eram policiais — dois civis e dois militares —, o que elevou ainda mais a tensão e os debates sobre os limites e a eficácia das ações de confronto no combate ao crime organizado.

NÚMEROS DA MEGAOPERAÇÃO NO RIO

Indicador Total

Mortos:   64

Presos: 82

Fuzis apreendidos: 71

Linhas de ônibus afetadas:    120+

Policiais mortos:     4 (2 civis e 2 militares)

Áreas atingidas: Diversas zonas da capital e Baixada Fluminense

Agentes mobilizados:     Mais de 2.500

Crise política e trocas de acusações

A repercussão da operação ultrapassou as fronteiras do Rio e provocou choques políticos entre os governos estadual e federal. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou que o “combate à criminalidade se faz com planejamento e inteligência”, e afirmou não ter recebido qualquer pedido formal de apoio do governador Cláudio Castro.

Pouco antes, Castro havia insinuado em entrevista que o governo federal teria se omitido, afirmando estar “sozinho na luta contra o narcotráfico”. Após a repercussão negativa e a reação de Brasília, o governador ligou para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para se explicar, dizendo que suas declarações haviam sido “mal interpretadas”.

Enquanto isso, a imprensa internacional repercutiu o episódio com manchetes sobre o “Rio em guerra”, destacando as imagens de blindados circulando por comunidades e helicópteros atirando contra áreas dominadas pelo tráfico.

O impasse da segurança pública

O governo federal tenta avançar com a chamada PEC da Segurança Pública, enviada recentemente ao Congresso Nacional. A proposta prevê integração entre as forças estaduais e federais e a criação de um fundo permanente de investimentos. No entanto, o debate se tornou politizado, e bancadas de estados como São Paulo e Goiás — cujos governadores são potenciais candidatos à Presidência em 2026 — têm resistido ao avanço da pauta.

Enquanto isso, o crime organizado segue articulado, armado e cada vez mais ousado, enquanto o governo de Cláudio Castro mostra fragilidade e desorganização na condução da crise.

A capital fluminense, mais uma vez, é o retrato de um país que ainda busca um caminho para vencer a violência sem mergulhar no caos.

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