A investigação da Polícia Federal (PF) sobre a “farra do INSS” — que envolve cerca de 6 bilhões de reais em cobranças indevidas de aposentados e pensionistas — atingiu empréstimos consignados suspeitos. realizados através do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A nova linha de investigação mira empréstimos liberados indevidamente, sem solicitação ou autorização por parte do aposentado.
Quase 90 bilhões de reais em empréstimos consignados foram liberados para beneficiários do INSS apenas em 2023, de modo que a cifra a ser apurada pela PF nessa fase da investigação é substancialmente maior do que os 6 bilhões de reais em supostas cobranças indevidas — dando nova dimensão ao escândalo. Segundo uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) ao qual a colunista Daniela Lima, do G1, teve acesso, mais de 35 mil reclamações referentes a empréstimos indevidos foram realizadas em 2023.
A Polícia Federal investiga, inclusive, um suposto elo entre as cobranças indevidas de associações, que originaram o escândalo no INSS, e a contratação de empréstimos consignados sem autorização dos aposentados. Quebras de sigilo bancário decorrentes da investigação demonstram que empresas envolvidas nas cobranças associativas realizaram pagamentos a empresas que operam empréstimos que estão na mira da PF. A suspeita é de que há uma sobreposição entre as duas práticas fraudulentas, de modo que as empresas pudessem cooptar mais vítimas.
O volume das movimentações é alarmante — R$ 89,5 bilhões liberados no ano, valor muito superior aos R$ 6 bilhões do escândalo envolvendo associações fraudulentas. Especialistas apontam que refinanciamentos não autorizados são comuns e driblam os mecanismos de controle, mesmo com o uso de biometria. A nova fase da investigação envolve órgãos como a Dataprev e pode revelar prejuízos bilionários.
CPMI do INSS: Oposição consegue assinaturas para investigar fraude
A oposição obteve o número mínimo de assinaturas — 171 deputados e 27 senadores — para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de investigar um esquema bilionário de descontos irregulares em aposentadorias e pensões pagos pelo INSS. As suspeitas surgiram a partir de investigações da Polícia Federal, que apontam que mais de seis milhões de beneficiários podem ter sido afetados, com desvios que podem chegar a R$ 6,5 bilhões.
O pedido da CPMI será formalmente protocolado nesta segunda-feira (5). A articulação foi anunciada pelas parlamentares Coronel Fernanda (PL-MT) e Damares Alves (Republicanos-DF), que comemoraram a conquista e destacaram que a CPMI buscará “apurar responsabilidades, cobrar justiça e garantir que esse dinheiro volte para quem realmente precisa.”
Por Informações: Veja/ G1