Uma das sobreviventes do acidente com um ônibus que subia a Serra da Barriga, em União dos Palmares (AL), Jacqueline Nunes da Silva, 33, tinha motivo em dobro para lutar pela vida no último domingo (24/11).
Grávida de 8 meses, logo após ser resgatada por equipe de socorro, ela foi levada ao HRM (Hospital Regional da Mata), onde deu à luz Kaylan Vinicius Nunes da Silva.
Eu realmente só tenho a agradecer por esse livramento, por Deus ter me dado a vida, a mim e meu filho. Mas ao mesmo tempo lamento muito, porque perdi muitos conhecidos na tragédia.
Jacqueline Nunes da Silva
Nesta terça-feira (26/11), ela e o bebê tiveram alta e deixaram a unidade hospitalar estadual do SUS no município onde ocorreu o acidente. Até ontem à tarde, outras 15 vítimas ainda permaneciam internadas.
Arremessada no acidente
Jacqueline é dona de casa, mora em União dos Palmares e tem outros dois filhos. Ela conta que decidiu subir a serra porque haveria um luau. “Queria ir para passar o tempo e descansar a mente”, lembra.
Naquela tarde, dois ônibus contratados pela Prefeitura saíram do centro da cidade com destino ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Ela pegou o segundo veículo e tudo correu bem até a chegada ao topo da serra, onde fica o parque.
“Quando o ônibus chegou lá em cima, ele começou a dar ré. Falaram que era porque a entrada do parque era muito pequena e não cabia.
Nesse momento, ela lembra que viu o motorista nervoso e ouviu um pedido para os passageiros descessem porque havia problemas.
“Avisaram que uma bomba (peça do veículo) tinha estourado, mas só deu tempo (de) uma pessoa (passar). O ônibus começou a descer, com o motorista tentando desviar da ribanceira. Eu estava no fundo, e quando a gente percebeu, o ônibus estava virando”, relata.
A partir daí, Jacqueline lembra que o ônibus começou a capotar várias vezes. “Eu me segurei. A sorte que tive é que a porta que estava abriu e eu fui lançada. Acabei ficando no ‘meio do caminho’, e o ônibus desceu [a ribanceira]. Eu escorreguei e me segurei em uma árvore. Não tinha cinto de segurança no ônibus”, relata.
Após isso, ela conta que recebeu apoio de populares e ficou esperando o resgate, até que foi levada de ambulância ao hospital.
Com a gestação avançada, ela lembra que após o acidente, sentiu medo porque o bebê ficou sem se mexer. “Eu bati a barriga e ele só voltou a mexer já no hospital”, conta.
Logo que cheguei fizeram exame para escutar o coração dele, e a obstetra de plantão viu que o coração dele estava acelerado demais. Foi aí que decidiram fazer o parto, e o Kaylan nasceu.
Jacqueline Nunes da Silva.
O parto foi necessário para salvar a vida de Kaylan, segundo o cirurgião Jhonat Silva, do HRM. “Após o trauma, normalmente tende a aumentar os batimentos cardíacos da criança e da mãe; e batimentos cardíacos elevados da criança é sinal de risco. Então, o pessoal da equipe obstétrica optou para fazer uma cesárea de emergência”, diz.
Ele explica que isso ocorreu também porque a criança já tinha viabilidade pelo tempo gestacional. “O risco maior da criança foi tirado com a realização da cesárea de emergência”, relata. O bebê nasceu com 2,5 kg e 43 centímetros.
Fonte: UOL Notícias