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Bolsonaro presta depoimento ao STF e tenta recuar de acusações contra ministros, mas Moraes mantém tom firme

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Nesta terça-feira (10/06), o ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ação penal que investiga suas declarações sobre as eleições e suposta tentativa de deslegitimação do sistema eleitoral brasileiro. Em tom contido, Bolsonaro tentou demonstrar equilíbrio e sensatez ao responder aos questionamentos do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, mas a estratégia parece não ter convencido o magistrado.

Logo no início da audiência, Bolsonaro se desculpou com os ministros da Corte, afirmando que não tinha provas ou indícios concretos ao levantar suspeitas de manipulação eleitoral por parte de integrantes do STF. Segundo ele, as declarações feitas durante uma reunião ministerial de seu governo, em 5 de julho de 2022, tinham caráter retórico e não se baseavam em fatos comprovados.

“Reconheço que utilizei uma linguagem mais agressiva, mas isso fazia parte do meu estilo parlamentar, que acabei levando para o Executivo”, disse o ex-presidente, tentando justificar os excessos verbais. Moraes, por sua vez, iniciou o interrogatório citando trechos da reunião ministerial em que Bolsonaro falava de forma enfática sobre supostas fraudes eleitorais, reforçando uma narrativa de desconfiança contra a Justiça Eleitoral.

Durante o depoimento, Bolsonaro tentou diluir a responsabilidade sobre os ataques ao sistema eleitoral: “A crítica às urnas eletrônicas não é uma exclusividade minha. Era um debate público em vários setores da sociedade”, declarou.

Em um momento mais descontraído, Bolsonaro sugeriu ao relator que assistisse a imagens de suas viagens pelo Nordeste, dizendo que elas mostrariam “o carinho” com que é recebido pela população da região. Moraes recusou a proposta. Insistindo em tom de brincadeira, o ex-presidente chegou a convidar o ministro para ser seu vice em uma eventual chapa presidencial em 2026. A resposta de Moraes foi novamente negativa e seca.

Apesar do esforço para parecer moderado, a postura de Moraes durante todo o depoimento foi firme. O ministro mostrou-se bem preparado, com domínio dos trechos da reunião e das acusações, evidenciando um cenário desfavorável ao ex-presidente.

Ao final da sessão, a impressão geral é de que Bolsonaro buscava amenizar sua responsabilidade política e criminal no processo, mas o relator não se deixou levar por eventuais gestos de recuo ou apelos de simpatia. A expectativa, agora, gira em torno da futura decisão da 1ª Turma do STF, que deve se basear nas provas documentais, nos registros da reunião ministerial e no interrogatório conduzido por Moraes — tudo indicando que a conclusão será dura e sem concessões.

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