Em condições avessas à sua primeira eleição para a presidência da Casa, o vereador e atual presidente da Câmara de vereadores de Porto Seguro, Evaí Fonseca, confirmou na sessão desta quinta-feira, 29/11, sua intenção e disposição em disputar o cargo em questão.
Para que isso seja possível, o vereador terá que apresentar emenda ao RI (Regimento interno da Casa) modificando-o, de forma que permita a reeleição para a presidência, vedada pelo regimento atual.
Ocorre que o vereador tem tido dificuldades em encaminhar essa modificação. Para alterar o regimento interno, são necessários 2/3 dos votos dos vereadores; ou seja: teria que ter o apoio de 12 vereadores; o que, de acordo um grupo de vereadores contrários à sua reeleição, garante que ele não tem.
Conspira também contra o presidente, o elevado desgaste da administração Claudia Oliveira, indiciada em inquéritos e investigações realizadas pelo MPF e PF, do qual o presidente sempre foi um fiel escudeiro e implacável defensor, submetendo a Casa a um silêncio sepulcral e indiferente às graves denúncias formuladas e apuradas pelas instituições citadas acima. Boa parte dos “edis” consideram que a letargia da câmara diante de diversos fatos, objetos de denúncia, se deve à falta de encaminhamento e disposição do presidente em apurá-los.
Na verdade, sua primeira eleição à presidência da Casa, se deu em função da enorme mobilização do prefeito de Eunapolis, Robério Oliveira, que comandou, à época, grande articulação para que isso acontecesse. Com a situação política atual, principalmente o inferno astral que os “fraternos” vêm vivendo, podendo ser afastados dos cargos a qualquer momento, o esforço maior é para a própria sobrevivência política dos prefeitos, do que a sucessão nas Casas legislativas.
O certo é que o processo sucessório, hora desencadeado, expôs divergências e cicatrizes políticas adormecidas. O vereador e líder do governo na Casa, Dilmo Santiago, se viu obrigado a fazer uma confissão de lealdade e apoio ao presidente Evaí; “No meu currículo Sr. presidente, muitos me acham arrogante, outros valente, mas jamais serei traidor. Em nenhum momento houve de minha parte, participação em movimento para derrubar sua reeleição. Não sou parte desta história. Mas precisamos discutir um plano “B”. Se o projeto da reeleição não passar, temos que estar unidos pelas ideias. Pra sentar nesta cadeira, não pode fazer coisa errada, senão sai daqui algemado. Admiro-te e lhe respeito muito. Meu voto é de vossa excelência”, revelou o líder do governo, Dilmo Santiago
Isso posto, o processo sucessório foi deflagrado, e, a principio, o presidente Evaí negava e desconversava sobre as pretensões de reeleição assumidas na sessão de hoje: “A Casa é democrática. Temos uma emenda com 35 artigos que iremos sentar e discutir internamente. Tenho o direito de fazer o meu papel político. Não tenho processos. Na hora que eu errar, a promotoria está aqui ao lado. Quanto aos boatos; não dou ouvidos a isso. São de políticos decadentes, mais sujos do que porcos no chiqueiro”, declarou o presidente, em defesa da sua candidatura.
Nos bastidores, o grupo denominado “grupo dos dez”, contrários à reeleição do presidente, não divulgou o seu candidato, mas, em conversas reservadas, o nome da vereadora Ariana Fehlberg desponta como a grande favorita a ocupar a presidência da mesa diretora da Casa pelos próximos dois anos.