Ex-diretor da PRF condenado na trama golpista de 8/1 é preso no Paraguai ao tentar fugir para El Salvador com passaporte irregular
O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, foi preso na madrugada desta sexta-feira (26/12) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai, ao tentar embarcar para El Salvador com um passaporte irregular, após ter rompido a tornozeleira eletrônica que o monitorava no Brasil. O episódio revela mais um capítulo de uma sequência de tentativas de fuga protagonizadas por figuras ligadas à trama golpista de 8 de janeiro de 2023, que buscava subverter o resultado das eleições presidenciais de 2022.
Silvinei foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e seis meses de prisão por participação naquela tentativa de golpe de Estado — crimes que incluem organização criminosa armada, tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito e interferência no processo eleitoral. Apesar da condenação, ele aguardava em liberdade enquanto a defesa recorre dos termos, até que decidiu abandonar o país de forma clandestina, rompendo a tornozeleira e cruzando a fronteira. No Paraguai, o uso de um passaporte paraguaio com identidade incompatível chamou a atenção das autoridades locais, que o detiveram e o colocaram à disposição do Ministério Público paraguaio. A expectativa é que ele seja expulso do país e entregue às autoridades brasileiras.

Esse episódio se insere em um padrão preocupante de tentativas de fuga e evasão internacional por figuras investigadas ou condenadas no âmbito da Ação Penal 2668, que apurou a tentativa de golpe após a eleição presidencial de 2022.
O caso de Silvinei lembra outros episódios recentes de aliados ou apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que deixaram o país em meio a investigações ou processos judiciais. Entre eles:
Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal, condenado a 16 anos de prisão por sua participação na trama golpista, que deixou o país rumo aos Estados Unidos, burlando a proibição de saída e tornou-se foragido internacional, situação que motivou pedidos de prisão e alertas junto à Interpol.
Carla Zambelli, ex-deputada federal, que também se mudou para o exterior para escapar das decisões judiciais brasileiras. Condenada por crimes como falsidade ideológica e envolvimento em ataques a sistemas judiciais, Zambelli foi presa na Itália após sua fuga e aguarda possíveis procedimentos de extradição vinculados aos processos judiciais brasileiros.
Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, que se mudou para os Estados Unidos e permanece fora do país, alegando perseguição política em meio a denúncias de atuação para obstruir investigações e conspirar contra o andamento dos processos judiciais no Brasil.
Outros nomes amplamente divulgados em associações com a tentativa de golpe ou com episódios de evasão incluem Oswaldo Eustáquio e o jornalista Paulo Figueiredo — este último filho de um ex-presidente — que também optaram por viver no exterior enquanto investigados por ações antidemocráticas e ataques às instituições.
A prisão de Silvinei no Paraguai expõe um fenômeno crítico: não são apenas condenações e penas aplicadas, mas também estratégias de parte dos envolvidos para escapar à responsabilização, seja por meio de rotas clandestinas, passaportes de outros países ou pedidos de asilo político. A situação lança dúvidas sobre a eficácia de mecanismos de monitoramento e cooperação internacional e levanta questões sobre o cumprimento efetivo das decisões judiciais relativas à tentativa de golpe de Estado — um episódio ainda recente e de profundas repercussões para o cenário político e institucional do Brasil.