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Colapso no Hospital Regional de Porto Seguro (HRDLEM) escancara descaso do Governo do Estado

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O descaso do Governo Estadual com a saúde pública de Porto Seguro e região ganhou contornos ainda mais graves nesta semana, com a nota oficial divulgada pelo Diretor Técnico do Hospital Regional Luís Eduardo Magalhães (HRDLEM), Dr. Rodrigo Carvalho Nunes Oliveira. No comunicado, o médico informa que, a partir de 1º de outubro de 2025, será suspenso o atendimento obstétrico de referência em alto risco gestacional, deixando desassistidas gestantes de toda a macrorregião do Extremo Sul da Bahia.

A justificativa para uma medida tão extrema é alarmante:

-Falta de médicos obstetras – são apenas sete profissionais disponíveis, quando seriam necessários, no mínimo, dois por plantão de 24 horas;

-Sobrecarga física e psicológica da equipe, que declarou não ter mais condições de assumir os plantões;

-Ausência de Diretoria Clínica e de Coordenação da Obstetrícia;

-Risco assistencial grave à população.

Ou seja, o hospital que deveria ser referência em alto risco gestacional – a única porta aberta como maternidade em Porto Seguro – chega ao limite da inviabilidade por absoluta falta de gestão e responsabilidade do Governo Estadual, responsável direto pela unidade, gerida pelo IGH.

Milhões repassados, mas pouca saúde entregue

A indignação se amplia quando se coloca na balança o volume de recursos que o Estado recebe para manter o HRDLEM. Apenas os municípios da 8ª região (Porto Seguro, Belmonte, Santa Cruz Cabrália, Itapebi, Itagimirim, Eunápolis, Itabela e Guaratinga) repassam, juntos, mais de R$20 milhões por ano.

Só Porto Seguro contribui com R$9,6 milhões anuais. E o retorno?

-Salários de profissionais atrasados por dois a três meses;

-Falta de medicamentos básicos;

-Alimentação reduzida e de péssima qualidade para pacientes;

– Corredores abarrotados de doentes à espera de atendimento;

– Superlotação das UPAs municipais, sobrecarregadas pela ineficiência do HRDLEM.

Na prática, o hospital regional, que deveria ser o pilar do atendimento de alta complexidade, se transformou em símbolo de descaso e desumanidade.

Prefeitura tenta suprir abandono do Estado

Enquanto o Governo da Bahia falha em oferecer o mínimo de dignidade aos pacientes, a Prefeitura de Porto Seguro tem se desdobrado para não deixar a população totalmente desassistida.

O prefeito Jânio Natal, ciente da gravidade da situação, investiu na criação do Hospital Municipal do Arraial d’Ajuda, que em pouco mais de um ano já realizou quase 3 mil cirurgias eletivas – um feito histórico para o município. Além disso, mutirões de saúde vêm sendo organizados constantemente, buscando garantir consultas, exames e procedimentos que a população não consegue realizar no HRDLEM.

Graças a essas iniciativas, Porto Seguro tem conseguido atenuar os impactos do colapso da saúde regional, que deveria estar sob responsabilidade do Estado.

Um retrato vergonhoso

O que se vê hoje no Hospital Regional Luís Eduardo Magalhães é um retrato vergonhoso da saúde pública baiana: desorganização, descaso e falta de compromisso com a vida.

Se não fossem os esforços da gestão municipal, a situação em Porto Seguro seria ainda mais dramática. Mas a pergunta que fica é: até quando a população terá de pagar duas vezes – com impostos e com a própria saúde – pelo descaso de quem deveria garantir o básico?

O HRDLEM, que nasceu para ser referência em atendimento de alta complexidade, tornou-se um símbolo de abandono e sofrimento. E a suspensão do serviço obstétrico é apenas mais um capítulo de uma crise que já se arrasta há anos.

veja abaixo o comunicado do diretor na íntegra:

Cumprimentando a todos , venho comunicá-los que , considerando :
– A dificuldade de contratação de Obstetras pela empresa Gestora IGH do HRDLEM Porto Seguro , ciente dos fatos desde reunião ocorrida entre equipe , Direção Tecnica e Direção Local HRDLEM em Março deste ano de 2025 e em outras reuniões entre equipe e diretorias afins subsequentes ;
– O cenário atual da escala de Obstetrícia deste serviço , que conta atualmente com apenas 7 Obstetras para o fechamento completo da escala , dimensionada para 2 OBSTETRAS no período de 24 hs de Segunda a Segunda ;
– Alegação por parte de toda a equipe a sobrecarga física / psicológica sob o risco profissional e risco assistencial para a população atendida com consequente recusa em manuntenção da escala com esse déficit importante de médicos obstetras a partir do dia 01/10/2025;
– Ser esta a única unidade de Referência em Alto Risco Gestacional e única porta aberta como Maternidade no município de Porto Seguro ;
– Ausência de Diretoria Clínica e Coordenação Do Serviço de Obstetrícia;
– O cumprimento das minhas funções de Diretor Técnico , de acordo com a Resolução CFM 2147/2016 , que define como responsabilidades do cargo : Supervisão Ético Profissional , Planejamento e Organização dos serviços médicos , Representação perante aos Conselhos de Medicina , Autoridades e população ;
Comunico que a partir do dia 01/10/2025 , diante dos fatos supramencionados , torna-se inviável a continuidade da assistência Obstétrica de referência em Alto Risco Gestacional para a macrorregião Porto Seguro , sendo neste momento comunicado a interrupção desta assistência até a resolução definitiva do quadro atual , com a contratação de novos médicos obstetras para ocuparem a escala de plantão , para que possamos com segurança e responsabilidade profissional prestar a assistência médica necessária , dentro das prerrogativas e normas de proteção à saúde dos usuários deste serviço .
Atenciosamente
Rodrigo Carvalho Nunes Oliveira
Diretor Técnico HRDLEM – PS
CREMEB:15.660 / RQE 22.978

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