Michele Silva de Jesus, 17 anos, esperava seu primeiro filho, com aquela alegria que a verdadeira mãe sente quando está grávida. Berço, fraldas, brinquedos e outros artigos comprados ou alugados, tudo dentro da possibilidade de uma família bem humilde que mora na Rua da Vala, bairro São Pedro, em Arraial d’Ajuda.
Ela conta que realizou o pré-natal de maneira correta no Posto de Saúde do bairro e que também fez todos os ultrassons solicitados na UPA, do próprio bairro, durante o período de gravidez. “O neném estava saudável”, garante Michele.
Quando atingiu 41 semanas, Michele sentiu muitas dores e se dirigiu ao Hospital de Porto Seguro “Deputado Luís Eduardo Magalhães” – HDLEM, onde deu entrada na quinta-feira, 12 de abril, às 18h.
Conforme Michele, por meio do exame do toque foi descoberta a dilatação de um centímetro. Pelo fato de morar longe, ela foi colada em observação. “No dia seguinte, fizeram o exame novamente, e constataram uma dilatação de três centímetros. Passei por vários médicos e ninguém me levava para fazer o parto. A dor aumentava e somente às 18h do dia seguinte, quando repetiram mais uma vez o exame de toque, que descobriram que o neném tinha defecado e meu caso passou a ser urgente. Fiquei esperando mais duas horas até ir para sala de cirurgia. A bolsa tinha estourada e a demora foi tão grande que quando fizeram a cesária, a criança já estava morta. É um sentimento muito grande de dor e revolta”, desabafa.
A criança chamada Gael, foi velada e enterrada no dia seguinte.
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Nossa reportagem entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do HDLEM e aguarda a posição do hospital sobre o caso, reservando o espaço adequado e proporcional.
A morte de crianças no Hospital Luís Eduardo de Porto Seguro-BA por conta de demora no parto é comum. Sei de outros dois casos semelhantes que aconteceram no ano passado. Essa situação absurda precisa ser investigada e os responsáveis devem ser punidos. Atenção Ministério Público!