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Doações de comida para famílias carentes caem 80% em todo o Brasil

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As doações de comida para famílias carentes caíram 80% em todo o Brasil, mas a procura pelos alimentos dobrou.

Dona Maria Eva de Araújo e Silva não imaginava que aos 64 anos, perto de se aposentar, iria depender de doações para se alimentar: “Tudo difícil na nossa vida. A gente passar a necessidade, a vontade de comer uma coisa e a gente não comer porque não tem o dinheiro para comprar”, diz a auxiliar de limpeza desempregada.

Desempregado, Wellington dos Santos também depende da marmita distribuída na favela de Paraisópolis.

“Nunca pensei que ia chegar nessa situação. Nessa necessidade, né? Nunca imaginei”, lamenta o auxiliar de cozinha desempregado.

 

Só em Paraisópolis, a procura pela comida dobrou em 2022. Mas as doações diminuíram. O galpão onde eram montadas as cestas básicas está vazio. No país todo, as doações caíram 80% na comparação com o início da pandemia, segundo a Central Única das Favelas.

“A gente percebe que existe sempre um pico de ajuda e depois as pessoas acabam se acostumando com essa necessidade. Mas também os preços dos alimentos, a inflação, a gasolina, ficou tudo muito mais caro. Mesmo aqueles que podiam ajudar um pouco começaram a olhar e se preocupar porque pode faltar para esses também”, diz o presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues.

 

Numa associação na Zona Sul da capital paulista, bastou um aviso na internet para uma fila enorme se formar horas antes da distribuição de comida. “Cheguei às três da manhã”, diz um homem. Há um mês, a associação não entregava cestas básicas por falta de doações. No último fim de semana, chegaram alguns alimentos e o pessoal já decidiu fazer a distribuição porque tem muita gente pedindo ajuda. Não chega a ser uma cesta completa: cada sacola tem dois pacotes de feijão, dois de macarrão, um de arroz e um de farinha.

Em minutos, os voluntários entregaram as 250 sacolas de alimentos, mas a fila continuava grande.

Neide Simões Fernandes estava mais para o fim da fila e conseguiu levar dois pacotes de macarrão. Ela vai juntar com alimentos que ganhou.

“Eu tenho um pouco de arroz e feijão, que eu peguei com a vizinha assim, de arroz que eu não tinha nada em casa”, conta a faxineira desempregada.

 

A presidente do Instituto para o Desenvolvimento Social Paula Fabiani diz que a fome precisa ser enfrentada por todos.

“O governo, empresas e as organizações da sociedade civil, juntos, podem realmente criar programas que atinjam a maior parte da população de uma maneira mais rápida, eficiente e menos custosa também”, defende.

“A gente que tem filho pequeno é pior. A gente ainda aguenta. Criança não, não quer saber. ‘Mãe, eu quero isso pra comer’. Não tem. E aí? É o pior de tudo. Não ter um pão de manhã para comer”, lamenta Neide.

Por Jornal Nacional

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