O setor de turismo foi um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. Com a decretação de medidas restritivas, a alta nos casos e o receio da infecção pelo novo coronavírus, muitos viajantes tiveram de repensar a programação das férias. As agências viram a procura por pacotes e passagens cair drasticamente ao longo dos últimos 15 meses. No entanto, esse cenário tem mudado. O processo de imunização contra a Covid-19 e o desejo de sair de casa se refletiu no crescimento gradual das vendas.
Para o presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens do Distrito Federal (Abav-DF), Levi Barbosa, há expectativa de alta de 30% a 40% nos deslocamentos neste mês , na comparação com o mês passado. “Está faltando termos mais pessoas vacinadas. Mas sentimos uma melhora. Daqui para o fim do ano, acredito que chegaremos perto da normalidade de antes da pandemia”, destacou. Ele acrescenta que muitos brasilienses têm feito reservas para dezembro e janeiro. “O turismo está reagindo. A vacina está fazendo toda a diferença”, completou.
Entre os destinos mais procurados, predominam municípios no litoral brasileiro. Um levantamento feito pela agência de viagens CVC revela os principais. Entre as capitais, estão: Maceió, Natal, Rio de Janeiro, João Pessoa, Aracaju, Salvador, Fortaleza, além das cidades de Porto de Galinhas (PE) e Porto Seguro (BA). Entre os locais fora do país, os destaques vão para Buenos Aires, capital da Argentina; Cancún, no México; e Punta Cana, na República Dominicana.
Responsável pela franquia da agência em um shopping do Plano Piloto, Rafael Cohen conta que junho foi o melhor dos últimos 18 meses em relação à venda de pacotes de viagens. No período, houve aumento de 30% em relação a maio. Para ele, a queda na quantidade de casos e mortes tem contribuído para que os brasilienses queiram sair do DF. “As pessoas cansaram de esperar a pandemia acabar. Elas têm buscado resorts, praias. Muitos chegam falando que foram vacinados e querem viajar. Tem cliente que até manda mensagem dizendo que tomou a segunda dose e quer fechar um pacote”, ressalta Rafael.
O franqueado diz que a imunização contra a covid-19 levou esperança a quem atua no setor: “Quanto mais a vacinação aumenta no DF, maior o otimismo de que as coisas possam melhorar. Nosso maior público é o da melhor idade. Quanto mais essa galera vacinar, melhor para nossas perspectivas”.
Por outro lado, Edney Aires, executivo de contas da Agência Minhas Férias Turismo, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), vê uma movimentação mais fraca. “Trabalhamos com viagens corporativas e de lazer. Na parte do lazer, não tivemos muita procura”, relata. Apesar disso, ele acredita que dezembro e janeiro serão melhores. “A expectativa é bem positiva para o fim do ano, pois já temos procura de pacotes e viagens nesse período”, completa Edney.
Fluxo
Os números referentes à expectativa de viagens na Rodoviária Interestadual e no Aeroporto de Brasília serão divulgados só na segunda-feira, de acordo com as concessionárias responsáveis pela administração dos terminais. No entanto, o setor aéreo nacional tenta recuperar a demanda de antes da pandemia e, em abril de 2020, chegou a registrar queda de 94,5%. Na capital federal, a operação é de, aproximadamente, a metade da anterior à crise sanitária. No entanto, a expectativa é de que a procura por voos até o fim do ano alcance de 80% a 90% do verificado em 2019. A retomada do fluxo normal deve ocorrer só em 2023, segundo a Inframerica.
A estudante Malu Sousa, 28 anos, está com as férias programadas para este mês. Ainda longe de ser vacinada, ela optou por opções que considera seguras em relação à possibilidade de infecção pelo novo coronavírus. “Vou ficar com alguns amigos em uma casa alugada, em Santa Cruz Cabrália, no litoral da Bahia. Estamos nos isolando antes de ir e faremos o mesmo na volta. Além disso, vamos manter todas as recomendações quanto ao uso de máscaras. Comprei um kit enorme de (tipo) PFF2 para levar”, relata a moradora da Asa Norte. A jovem acrescenta que a cidade onde passará alguns dias não fica em uma região movimentada. “É um lugar para o qual me senti segura de ir. A maioria das casas lá são de aluguel para temporada. Não vamos ter muito contato com pessoas de fora”, acredita Malu.
Raissa Fernandes, 25, aproveitou uma viagem a Porto Alegre que precisou fazer devido ao estágio da pós-graduação em biomedicina estética e organizou um passeio para conhecer Gramado. “Pesquisei pontos turísticos ao ar livre que sigam as normas de segurança (sanitária). Para escolher o hotel, olhei bem todas as avaliações e comentários, de modo a garantir que haja cumprimento das normas”, detalha a jovem, que programou passar quatro dias na cidade gaúcha. No fim do ano, ela pretende ir a João Pessoa ver a família.
Por Informações: Correio Brasiliense