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Na ONU, em vez de discurso de Chefe de Estado, Bolsonaro faz “live” para seu público no Brasil

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O presidente Jair Bolsonaro, em seu pronunciamento na abertura da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira, (21/09), durante os 15 minutos lhe concedido, ao invés de tratar dos graves dilemas da população mundial, como a questão da pandemia, do meio ambiente, que afligem a humanidade, e de temas relacionados à pobreza, direitos humanos, com uma abordagem sensata, equilibrada e adequada, optou por distorcer números, defender, no âmbito da saúde, o tratamento precoce e no que diz respeito ao meio ambiente apresentar dados falsos que não correspondem aos levantamentos realizados por órgãos ambientais sérios e observados pelos satélites brasileiros e internacionais.

Único representante do G20 (grupo que reúne as 20 maiores e mais importantes economias do mundo) a comparecer à assembléia sem estar vacinado, Bolsonaro protagonizou uma das cenas mais vergonhosas para um chefe de nação, ao ser obrigado a comer nas calçadas de Nova York e a almoçar em puxadinhos de Churrascaria brasileira, por não possuir atestado de vacinação.

Em nome da autonomia do médico, o que não se discute; Bolsonaro fez a defesa, inclusive se incluindo como paciente, do tratamento precoce, com medicamentos condenado pela OMS e pelos países mais importantes do mundo, pela sua comprovada ineficácia. “Não entendemos porque muitos países se colocam contra o tratamento precoce. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”, disse o presidente.

Em outro momento na defesa de sua  política ambiental implantada no país, Bolsonaro apresenta números totalmente desconhecidos e contrários à respeitável IMAZON e o Observatório do Clima, atribuindo uma queda de 32% nos índices de desmatamentos no mês de agosto, quando os órgãos acima citados dizem que o mês de agosto foi o pior mês, na série histórica de medições de desmatamento. O relatório da IMAZON diz que, antes do governo Bolsonaro eram 6,7 milhões de  km² de desmatamento na Amazônia e que, somente no período Bolsonaro, já foram mais de 10 milhões de km² de devastação, o que corresponde a uma área correspondente a cinco vezes a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. O Brasil é o 6º maior emissor de gás carbônico do planeta, por desmatamento.

Com relação aos índios, o presidente garantiu que os 600 mil índios brasileiros vivem em paz e têm a proteção do governo brasileiro. Mais uma inverdade. Precisou o STF entrar em campo e exigir explicações do governo, sobre a falta de água potável, medicamentos e vacinas, durante a pandemia; sem mencionar as constantes manifestações do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) cobrando medidas do governo sobre as freqüentes invasões das terras indígenas por garimpeiros e grileiros.

O presidente também citou dados positivos referentes à economia como a criação de empregos, lucros das estatais; omitindo, obviamente, a realidade dos desempregados no país (14,7% da população), da inflação dos alimentos, da alta do dólar e dos sucessivos aumentos dos combustíveis e do gás de cozinha, dentre outros.

Portanto, foram 13 minutos de profusão de dados inverídicos. O discurso pífio do presidente mostrou ao mundo a “República do Cercadinho”.

A “grosso modo” uma triste exumação da insignificância.

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