O mistério do sumiço do mini submarino rumo a restos do Titanic
No último sábado (17/6), o aviador, empresário e bilionário britânico Hamish Harding, 58 anos, publicou em seu perfil no Instagram uma foto em que assinava um cartaz com o símbolo da Missão V da Expedição Titanic, uma iniciativa oferecida pela OceanGate Expeditions, empresa baseada em Everett, no estado de Washington. “Tenho orgulho em finalmente anunciar que me juntei à OceanGate como especialista em missão no submarino descendo até o Titanic. Devido ao pior inverno na Newfoundland (Canadá) em 40 anos, esta missão provavelmente será a primeira e única missão ao Titanic em 2023”, escreveu Harding. “A equipe do submarino tem alguns exploradores lendários, alguns dos quais levaram mais de 30 passageiros até os destroços do Titanic”.
O Titanic saiu do porto inglês de Southampton em 10 de abril de 1912 para sua viagem inaugural rumo a Nova York, mas afundou depois de colidir com um iceberg, cinco dias depois. Dos 2.224 passageiros e tripulantes, morreram quase 1.500.Os restos do transatlântico foram descobertos em 1985 a 650 quilômetros da costa canadense, em águas internacionais do oceano Atlântico. Desde então, a área é visitada por caçadores de tesouros e turistas.
De acordo com a Guarda Costeira dos EUA, o veículo submersível Titan perdeu contato com a superfície 1 hora e 45 minutos depois de iniciar a descida a 13 mil pés de profundidade (3.800m), no Atlântico, na tarde de domingo (18/6). Construído com fibra de carbono e titânio, o Titan pesa 10t; mede 6,7m de comprimento por 2,8m de largura e 2,5m de altura; e desenvolve velocidade máxima de 3 nós (5,5km/h). O direito a uma vaga no submarino custou US$ 250 mil (ou R$ 1,2 milhão). Na tarde de ontem, a Guarda Costeira também informou que o submersível tem entre 70 e 96 horas de oxigênio disponível.
Os trabalhos de busca e de resgate envolvem aeronaves das Forças Armadas dos Estados Unidos e do Canadá, boias de sonar e radares nos navios. Em comunicado citado pela mídia, a OceanGate Expeditions afirmou que pretende “explorar e mobilizar todas as opções para trazer de volta a tripulação a salvo”. A empresa responsável pelo submarino não divulgou os nomes dos demais passageiros e informou que, antes, notificará os familiares. No entanto, o jornal britânico The Guardian publicou que, além de Harding, fazem parte da missão um veterano de guerra francês e um especialista em submarinos. Em novembro passado, o Titan apresentou falhas de comunicação e ficou mais de duas horas e meia perdido no fundo do Atlântico.
O contra-almirante galês Chris Parry, especialista da Marinha britânica, afirmou ao Correio que o Titan mostrou sinais de fadiga cíclica durante ensaios na Instalação de Testes no Oceano Profundo, em Annapolis, no estado de Maryland. “Sua classificação de profundidade foi reduzida para 3 mil metros. Não vi quando essa classificação foi corrigida para mergulhar a profundidades maiores. Como não há evidências de um silvo de segurança rotineiro ou um sinal sonoro de socorro, as chances de sobrevivência da tripulação parecem baixas”, lamentou.
De acordo com Parry, a tripulação do Titan dispõe de um total de 96 horas de oxigênio, além de roupas de proteção adequadas contra o frio, para o caso de falha no sistema de aquecimento, além de comida e água. Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual o Titanic atrai tanta curiosidade, o contra-almirante da Marinha britânica disse que o transatlântico desperta um grau de familiaridade na consciência da opinião pública, principalmente depois do filme de mesmo nome, estrelado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.
“Para os contratantes da missão do Titan, há a emoção de estar tão perto de algo que se pensava ter sido perdido para sempre. Além disso, ir até o oceano profundo é algo que muito poucas pessoas têm a chance de fazer. Não tenho certeza se aprovo totalmente que as pessoas sintam emoções voyeurísticas ao entrarem em contato próximo com uma cena de tragédia e uma cova comum”, acrescentou Parry.
Por Informações: Correio Brasiliense