O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou hoje que o ex-PM Élcio de Queiroz firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, em que confessou ter participado junto com Ronnie Lessa da execução da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O que aconteceu
Élcio de Queiroz, preso desde 2019, confessou participação no crime e apontou o colega, Ronnie Lessa, como autor dos tiros. A delação está de acordo com o que apurou a PF.
Segundo Dino, foi a delação que embasou a operação de hoje, que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa no Rio. Suel, como é conhecido, já havia sido preso em 2020, acusado de ter se desfeito do carro usado na execução, mas respondia em liberdade.
Suel participou de ações de “vigilância e acompanhamento” de Marielle antes do assassinato, e depois, ajudou a encobertar o crime, disse o ministro.
Além de Suel, a delação de Elcio Queiroz teria apontado outros participantes, que ainda não foram revelados. Dino ressaltou que há indícios do envolvimento de milícias e do crime organizado.
Delação de Elcio encerra investigação no patamar da execução, afirmou Dino. Resta ainda solucionar quem foram os mandantes do crime. “A investigação não está concluída, a delação permite um novo patamar de investigação, a dos mandantes”.
“Nas próximas semanas, provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhido no dia de hoje”, declarou. “Não há crime perfeito. Outras novidades com certeza ocorrerão nas próximas semanas.”
Sigilo de parte da investigação foi retirado, disse o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Mais detalhes serão divulgados em breve.
Ao UOL, o advogado de Ronnie Lessa, Bruno Castro, disse que não teve acesso à delação, então ainda não pode comentar o caso. A reportagem tenta contato com a defesa de Élcio de Queiroz.
“Sem dúvida há a participação de outras pessoas, isso é indiscutível. As investigações mostram a participação das milícias e do crime organizado do Rio de Janeiro no crime”, disse o ministro da Justiça,
Flávio Dino,
PF faz nova prisão relacionada a caso Marielle
A PF deflagrou nesta manhã a operação Élpis, com um mandado de prisão preventiva e sete de busca e apreensão no Rio de Janeiro. A corporação ainda não confirmou os nomes dos outros alvos.
Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos a tiros em 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, no Centro do Rio.
Os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos, apontados como autores dos homicídios — o primeiro teria atirado nas vítimas, e o segundo dirigia o carro que emparelhou com o da vereadora. Eles ainda não foram julgados, mas passarão por júri popular, em data ainda a ser definida pela Justiça do Rio.
Ainda não há sinalização sobre quem foi o mandante do crime. O primeiro inquérito, que concluiu a participação de Lessa e Queiroz, não conseguiu definir se eles agiram sozinhos ou a mando de alguém.