Justiça decide em Brasília o destino político/administrativo de Porto Seguro
Enquanto isso, as apostas tomam conta dos debates e as torcidas -contra e a favor- se organizam na espera de um resultado, que em nada influenciará no desenvolvimento político, econômico cultural e social do município.
Mais uma vez a cidade de Porto Seguro transfere para os tribunais de instancias superiores, a decisão sobre o seu futuro político. Infelizmente, parece que estamos nos habituando a isto.
Novamente, a permanência no cargo de prefeito municipal no município foi colocada em xeque pela briosa polícia federal, que num trabalho minucioso e criterioso de investigação, afastou os prefeitos da Costa do Descobrimento, Robério Oliveira, Claudia Oliveira e Agnelo Santos, na batizada “Operação Fraternos”.
Os prefeitos citados foram flagrados, segundo a polícia federal e o Ministério Público Federal, em diversas irregularidades licitatórias, fraudes, e super faturamentos, em parcerias com empresas de fachadas, e constituídas exclusivamente para essas práticas espúrias, definidas pela própria polícia federal, como “ciranda da propina”.
Os aliados da prefeita afastada Cláudia Oliveira e do grupo de Robério Oliveira, alegam que as acusações são falsas e eleitoreiras, e têm como principal objetivo enfraquecer o governador da Bahia, Rui Costa e o senador Otto Alencar, nas eleições que acontecerão em outubro deste ano; o que beneficiaria o prefeito de Salvador, ACM Neto, suposto candidato ao cargo de governador e adversário de Rui Costa.
Esta é a principal linha de defesa do grupo denunciado, sem se ater à farta documentação apresentada pela polícia federal, produzida em diligências e ações de busca e apreensão em residências e escritórios dos envolvidos.
Por outro lado, o vice-prefeito que assumiu o cargo de prefeito, com o afastamento da prefeita denunciada, parece estar alheio aos fatos jurídicos, ora em julgamento, e ao caos administrativo estabelecido no município. O prefeito Ignora o imbróglio jurídico e com a cidade faz o pior: Abandona-a.
Atitude mais decente, já que recusa a assumir as atribuições do cargo de prefeito, seria convocar as forças políticas locais, o Ministério Público Federal, a Justiça Eleitoral e viabilizar a realização de uma nova eleição, para que o povo pudesse definir novos rumos, em vez de dar continuidade a um governo suspeito, uma administração enganosa e desmascarada, sem a menor condição moral de voltar a ser governo.
Enquanto isso, as apostas tomam conta dos debates e as torcidas -contra e a favor- se organizam na espera de um resultado, que em nada influenciará no desenvolvimento político, econômico cultural e social do município.
O que fica em evidencia neste julgamento que acontecerá amanhã, 04/03, para os portossegurenses, é a importância de nossas escolhas para o poder legislativo e executivo.
Se escolhermos mal, corremos o risco de compartilharmos nossa decisão com a Polícia Federal e tribunais diversos. Portanto, a maior lição e aprendizado deste episódio sombrio é que, nas democracias, o voto tem que ser uma poderosa e definitiva arma contra corruptos, aventureiros e políticos profissionais; jamais um aval, ou cheque em branco para esses párias se estabelecerem, se sustentarem e se enriquecerem.
Vender seu voto- prática comum em todo o país-, assim como empenhá-lo em troca de favores e benefícios futuros, além de ser crime eleitoral, revela a bactéria do seu caráter e de sua personalidade, que irão te silenciar por um longo período, com conseqüências desastrosas e catastróficas, principalmente para os mais carentes e necessitados de intervenções administrativas de responsabilidade dos eleitos.
Decerto que, mesmo que a decisão de amanhã seja favorável ao retorno da ex-prefeita Cláudia Oliveira, uma longa e imprevisível batalha jurídica se travará. O Ministério Público recorrerá e certamente voltará a pedir o seu afastamento baseado nos desdobramentos das investigações, com novos fatos, que ainda não vieram à tona.
A Polícia Federal, com certeza, não “jogará a toalha”.