O governador de São Paulo, João Doria, foi escolhido neste sábado (27/11) para ser o candidato do PSDB à presidência da República em 2022. Ele venceu o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, nas prévias do partido. O resultado foi anunciado em Brasília após uma semana de incertezas desde que problemas no aplicativo de votação interromperam a disputa no domingo passado (21). Depois da troca do aplicativo e da retomada da votação , as prévias ocorreram com maior normalidade. Ainda assim, nos últimos 30 minutos antes do encerramento das votações, segundo a versão do partido, foram 26 milhões de tentativas de ataques hackers ao sistema do PSDB, que acabaram neutralizadas.
Doria sai vitorioso de uma disputa apertada e polarizada entre ele e Leite. Ao longo da campanha, o governador paulista contou com apoios como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da maioria das lideranças do partido em São Paulo. Já o gaúcho era apoiado pelo núcleo do deputado Aécio Neves (MG).
Doria venceu, de acordo o presidente do partido Bruno Araújo, com 53,99% dos votos; Eduardo Leite conquistou 44,6% e Arthur Virgílio apenas 1,35% dos votos.
A expectativa dos tucanos é que Doria se licencie do cargo de governador de São Paulo em abril, data-limite para a desincompatibilização para quem tem mandato no Poder Executivo e quer disputar as eleições.
Aliados de João Doria creem que o principal trunfo dele em 2022 será a vacinação contra a covid-19 e o fato de o governo de São Paulo ter sido o primeiro a comprar imunizantes e iniciar a campanha de imunização, em janeiro deste ano. Alguns afirmam que a vacina pode ter, para Doria, efeito semelhante ao que o Plano Real teve para Fernando Henrique Cardoso quando se elegeu presidente em 1994. Pesou para a vitória de Dória um apoio maior entre os militantes da legenda, enquanto Leite tinha mais apelo entre os parlamentares.
Em meio a um evidente racha interno na legenda, o governador paulista tem dito que quer estreitar pontes com outros pré-candidatos da terceira via. Um deles é o ex-juiz Sergio Moro, filiado recentemente ao Podemos, que também quer se lançar ao Planalto. Nas pesquisas de intenção de voto, Moro é quem aparece mais bem colocado depois do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente Jair Bolsonaro. Doria também pretende buscar nomes como o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Rodrigo Pacheco (PSD).
Também tentam se colocar como candidatos da terceira via Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Alessandro Vieira (Cidadania) e Felipe D’avila (Novo).
João Doria já enfatizou que vai buscar a união entre os tucanos e com Eduardo Leite. Um dos principais desafios do governador é conter a ala bolsonarista do partido e evitar que sua candidatura seja abandonada por aliados caso ele não decole nas pesquisas, como aconteceu com Geraldo Alckmin em 2018.
Em 2022, Doria tentará recuperar o PSDB após o pior resultado da história do partido em uma eleição presidencial. No pleito de 2018, Alckmin teve apenas 4,76% dos votos.
Fonte: O Tempo