O presidente Jair Bolsonaro afirmou nessa quarta-feira (6/10) a apoiadores que as Forças Armadas vão participar de todo o processo de organização das eleições de 2022 e conferência da segurança das urnas eletrônicas. A declaração foi dada em resposta a um bolsonarista que questionou se ele considerava positiva a iniciativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de criar uma comissão da transparência para o próximo pleito, que terá participação dos militares na fiscalização e auditoria do processo eleitoral.
“As Forças Armadas vão participar, assim como outras instituições. Elas vão acompanhar todo o processo”, limitou-se a dizer em encontro com apoiadores no Palácio do Alvorada, transmitido em um canal bolsonarista no YouTube.
O presidente tem ensaiado uma mudança de discurso em relação à lisura das eleições. Crítico da urna eletrônica e defensor do voto impresso, pautas que o levaram a uma crise institucional com o TSE, Bolsonaro elogiou a criação do comitê e evitou duvidar da segurança do processo, em entrevista recente à Veja. “Com as Forças Armadas participando, você não tem por que duvidar do voto eletrônico. As Forças Armadas vão empenhar seu nome, não tem por que duvidar. Eu até elogio o Barroso, no tocante a essa ideia”, afirmou.
Por causa da declaração, o presidente recebeu um afago na segunda-feira (4) vindo do presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, até então o principal destinatário de seus ataques ao sistema eleitoral. “Fico extremamente feliz que tenha se convencido que não há problemas no voto eletrônico. Melhor assim”, disse o ministro.
‘Aqui não tá muito fácil’
Bolsonaro deu uma resposta pouco animadora sobre o próprio país que governa a uma apoiadora que afirmou ter decidido deixar a Holanda e morar no Brasil. “Decidiu ficar aqui? Aqui não tá muito fácil também não”, afirmou o presidente quando a mulher disse que pretendia ficar no país. O momento ocorreu durante o tradicional encontro de Bolsonaro com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada.
Ao falar sobre a inflação, o presidente disse também que o problema é global, e não apenas do Brasil, e voltou a culpar as medidas restritivas impostas por governantes na pandemia pela situação econômica delicada em várias nações. “Isso é resultado da política do fique em casa e depois a gente vê a economia”, criticou, após a mesma apoiadora dizer que as pessoas estão “brigando por gasolina” na Holanda.
Fonte: O Tempo