Descaso da saúde em Porto Seguro faz paciente procurar atendimento em Itabela-BA

Alegam falta de médicos porque o município não tem recursos para pagar o que eles desejam. Mas, como o OSPS (Observatório Social de Porto Seguro) revelou em exposição recente, há recursos para pagar altos salários a apaniguados, parentes e amigos do legislativo, principalmente.

Na tarde desta sexta-feira, 23 de março, a reportagem do Jojô Notícias foi convidada a comparecer ao Hospital da Mulher em Porto Seguro, para testemunhar o descaso e a falta de respeito da saúde pública do município, para com os cidadãos e cidadãs que aqui residem.

A Sra. Tádima Pinheiro Moreira, moradora do assentamento Chico Mendes, no município de Porto Seguro, e grávida de gêmeos- já na 32ª semana-, não conseguiu ser atendida na unidade médica referida, mesmo tendo uma recomendação médica para consulta naquele período.

Com uma gravidez de risco, por ser hiper-tensa e diabética, a peregrinação e o sofrimento de Tádima, com a ineficiência e bagunça dos serviços de atendimento em saúde do município, fez com que a família buscasse socorro no município vizinho de Itabela, que é quem vem prestando o atendimento à grávida.

Segundo a irmã da mesma, ela tem amizade com um enfermeiro naquela cidade, que sensibilizado e indignado com o descaso e irresponsabilidade que a Tádima vinha sofrendo, conseguiu que a paciente viesse a ser atendida pelos serviços de saúde daquele município.

Os atendimentos no município vizinho vêm acontecendo desde a data de 05/02, e, de acordo a paciente, o enfermeiro Bruno Felix, em Itabela, descobriu que não havia nenhuma informação no prontuário e cartão do SUS da mesma, que indicasse sequer, que a mesma se encontrava grávida.

A paciente relata que no assentamento Chico Mendes, existe um posto de saúde, sob o comando da Sra. Betânia, mas que, em todo esse tempo, nem sua pressão arterial foi conferida ali, muito menos solicitação de exames pertinentes ao estado da mesma.

Ainda em seu relato, a paciente informa que, mesmo na 32ª semana de gravidez, nenhum teste rápido, hemogramas, etc., foram realizados nos atendimentos precários realizados pelo município de Porto Seguro.

cartão do SUS da Tádima,com os registros dos atendimentos em Itabela-BA

A reportagem do Jojô Notícias entrou em contato, via telefone, com a diretora do Hospital, Sra. Marcele, que, de maneira solícita e educada, nos informou que nada podia fazer. Que já havia passado a situação pro médico que realizava os atendimentos naquele dia, mas que o Dr Cleber, que atende gestantes de alto risco, alegou ter 13 (treze) pacientes para atendimento naquele momento, sendo impossível ampliar a lista.

É desta forma que vem funcionando a saúde em nosso município. Raios-X encaixotados, ausência de medicamentos básicos, atendimentos precários e até falta de atendimento.

A secretária de saúde convoca audiência pública para explicar o óbvio, e ninguém entende porque a saúde está um caos com tantos recursos disponíveis.

Fecham hospital, restringem atendimento, sonegam um direito ao povo garantido constitucionalmente.

Alegam falta de médicos porque o município não tem recursos para pagar o que eles desejam. Mas, como o OSPS (Observatório Social de Porto Seguro) revelou em exposição recente, há recursos para pagar altos salários a apaniguados, parentes e amigos do legislativo, principalmente.

O próprio presidente da casa legislativa municipal brada em alto e bom som: “A câmara tem dinheiro pra gastar”. Insiste em construir uma nova sede para a câmara, onde serão gastos milhões. Loca carros e painel eletrônico a valores suspeitos e imorais. E o povo? Que morra nas filas!

Revoltante presenciar esse tipo de comportamento. Tratam os recursos públicos ao seu “bel-prazer”.

A família da Tádima, se valendo dos seus parcos recursos com aluguel de carro, gasolina; perdendo dia de trabalho, se humilhando atrás de um atendimento que, por lei, é dever do município.

Iguais à Tádima são vários. Agora… Recorrer ao município de Itabela, para tratamento de saúde, em vinte anos residindo aqui, é a primeira vez que ouço falar.

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